Sebastião Conceição quer esperar dívida 'caducar' para ter nome fora da empresa de proteção ao créditoLuciano Belford/Agencia O DIa
Por MARTHA IMENES
Publicado 28/10/2018 03:00

Rio - Aposentados e pensionistas do INSS, que já são obrigados a viver com os parcos benefícios, amargam uma triste realidade: eles fazem parte da legião de 62,4 milhões de pessoas que estão com o nome sujo. Pesquisa da SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que 18,3 milhões de pessoas entre 50 e 84 anos ficaram com restrições no CPF por atrasos de pagamento de contas em setembro.

A expectativa para 2019 não é animadora. A previsão de reajuste para aposentados está em 5,45% para quem ganha o salário mínimo e de 4,2%, para benefícios superiores ao piso, conforme proposta do Orçamento-Geral da União apresentada ao Congresso.

O valor pago não tem garantido que beneficiários saiam do vermelho. O aposentado Sebastião Conceição, 65 anos, contou que tem uma dívida há anos, mas não consegue quitar.

"Ganho mais que um salário mínimo, mas não dá pra pagar a dívida do cheque especial. O jeito é esperar caducar", relatou.

Diante desse cenário, qual a alternativa para não ficar com o nome sujo? Para especialistas é possível tomar medidas para voltar ao azul. A principal é colocar o orçamento na ponta do lápis para ter a dimensão do que se ganha e se gasta.

"Essa medida é fundamental para deixar as contas nos eixos", diz Angela Nunes, planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).

Com o diagnóstico financeiro na mão, o próximo passo é cortar gastos supérfluos e avaliar trocas de dívidas. Como um débito no cheque especial, que tem juros 303,2% ao ano, ou do cartão de crédito (274% ao ano) por um empréstimo consignado, que pode cobrar, no máximo, 2,08% ao mês.

"Além de listar as receitas como salário, dinheiro extra, ajuda de familiares, é preciso ver quais são as despesas fixas e as essenciais que a família tem, como aluguel, luz, gás", orienta Gilberto Braga, especialista em Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.

ONDE É POSSÍVEL CORTAR

Por fim, o segurado deve anotar outras despesas, como roupas, viagens e lazer. Com estas informações, dá para analisar onde é possível cortar gastos e quitar as dívidas.

Outro ponto fundamental para sair da inadimplência é não fazer novas dívidas. "Esse é o momento de reorganização da vida financeira e se endividar de novo é realimentar um ciclo negativo", diz Marcellus Amorim, especialista em Direito do Consumidor.

Reajuste anual dos benefícios não recompõe perdas
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Relação de bancos na internet
Dois pontos que devem ser observados para evitar endividamento é avaliar a real necessidade de recorrer a empréstimo e não pegar o crédito para terceiros, como filhos, netos, parentes e amigos, por exemplo.
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O próprio INSS tem em seu site a relação de instituições conveniadas e as taxas cobradas, que não podem ultrapassar 2,08% ao mês para o consignado, e 3% ao mês para cartão de crédito. Os prazos de pagamento variam de um a 18 meses, de 19 a 36 meses, de 37 a 54 meses ou de 55 a 72 meses.
Consultar a listagem é fácil. Ao acessar www.inss.gov.br, vá até o menu lateral que fica do lado esquerdo da página. Na aba "Orientações", selecione a opção "Outras" e, em seguida aparecerá uma listagem que está em ordem alfabética. Nela, o aposentado encontra a opção "Empréstimo Consignado", onde estão as instituições financeiras conveniadas e os juros cobrados.
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