Por ANGÉLICA FERNANDES

Rio - Com mudanças à vista na aposentadoria, a questão paira no ar: como fazer meu dinheiro render? A resposta não é simplesmente matemática. Segundo economistas e investidores, é preciso, primeiro, mudar o comportamento e priorizar os investimentos com foco no planejamento. Para clarear esses objetivos, O DIA reuniu dicas de especialistas em economia, que começa pelo calcanhar de aquiles de todo brasileiro: não faça dívidas!

Planejamento e disciplina são as palavras que vão reger todo esse processo de independência financeira. "Não podemos mais contar com a ajuda do governo e nem podemos nos vitimizar. A Reforma da Previdência é a oportunidade para fazermos nosso próprio futuro", aponta o educador financeiro Thiago Nigro, que comanda o canal Primo Rico no YouTube.

Para fazer o dinheiro render, o primeiro passo é zerar dívidas. "Para o indisciplinado não vai sobrar dinheiro nunca", pontua o professor de Economia Emir Koureiche, que dá o caminho das pedras: "Planilhe todos os gastos. Em três meses você saberá onde está gastando mais e onde pode economizar. Quem não controla, não gerencia".

Estudar sobre investimentos deve ser rotina, principalmente para o trabalhador. Na internet, canais no YouTube como o Me Poupe, Primo Rico e Gustavo Cerbasi traduzem o 'economês'. As corretoras online contam com consultoria para seus clientes. "As pessoas querem ficar milionárias da noite pro dia, mas para tudo é preciso conhecimento, estudo", detalha Nigro.

Para quem nunca investiu, como a mestranda em Educação Clara Bousada, de 22 anos, a dica dos especialistas é começar pelo Tesouro Direto. "Sempre deixei meu dinheiro na poupança. Agora, com toda essa mudança (na Previdência) eu abri uma conta na corretora e estou buscando conhecimento para começar a investir". Essas corretoras permitem que você mesmo faça seus investimentos. No Tesouro Direto, por exemplo, a rentabilidade chega a 7 vezes mais que a poupança.

O professor Emir acrescenta que é preciso poupar de 20% a 30% do que se ganha por mês para investir. Os objetivos devem ser claros: além do fundo de emergência — com aplicações de seis meses do seu salário —, o foco deve ser em investimentos a longo prazo, com pelo menos dez anos. "Oriento aplicar 30% do que tem em fundo de ações que espelhem rentabilidade da Bovespa". Thiago Nigro completa: "Enriquecer é um processo, não é um ato. É preciso criar coragem, estudar e aprender a investir em ações e fundos imobiliários".

Aposentadoria: brasileiro não se prepara

Quando o assunto é aposentadoria, seis em cada dez brasileiros (59%) admitem não se preparar para esse momento. Apenas 41% alegaram estar preocupado com essa fase de vida. É o que revelou a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), feita no início deste mês.

O levantamento reflete o comportamento conservador do trabalhador com relação a investimentos. Poupança e previdência privada ainda são as preferências do brasileiro.

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em pesquisa divulgada este mês, constatou que uma em cada cinco pessoas que guardam suas economias na poupança mantém o dinheiro lá há mais de 19 anos, quando prazo médio de investimento é de 11 anos. Mas especialistas destacam que, para ganhar mais, é preciso diversificar os investimentos.

"Risco não é ruim, risco é bom. O problema é, se você eliminar o seu risco de perder, você também elimina seu risco de ganhar. Se exponha a riscos, mas nunca a um que possa te tirar do jogo", aponta Thiago Nigro, que condena poupança e previdência privada. "A poupança rende muito pouco e a previdência é dinheiro perdido em taxas".

Ascensão financeira duvidosa

Uma propaganda na internet, da empresa Empiricus, com o vídeo de uma jovem dizendo que tem 22 anos e acumulou patrimônio de mais de R$ 1 milhão, foi alvo de enxurrada de críticas dos internautas. A protagonista Bettina Rudolph afirma que sua trajetória é verdadeira.

"Comecei a investir com 19 anos e minha primeira aplicação foi de R$ 1.520. Hoje invisto cerca de 50% da minha renda e 100% dos bônus que recebo por conta da performance no trabalho". Questionada se qualquer brasileiro conseguiria o mesmo sucesso, Bettina respondeu: "É relativo, são muitas possibilidades, mas não é impossível. Entrei na Bolsa num momento muito bom".

GLOSSÁRIO DO 'ECONOMÊS'

TESOURO DIRETO

É um título público de renda fixa, emitido pelo Tesouro Nacional, órgão do governo federal junto com a Secretária do Tesouro Nacional (STN). Quando se investe nele, é como emprestar dinheiro ao poder público. Ele possui várias formas de investimento, como o prefixado (taxa fixa de rentabilidade); atrelado à inflação (uma parte fixa e uma variável); Selic (é flexível, se você solicitar o resgate antes de vencer o título investido, não perderá dinheiro).

FUNDO DE AÇÕES

É uma das alternativas para investir na bolsa de valores sem adquirir diretamente ações de empresas. Você não compra um ativo, como o Tesouro Direto, compra uma cota de uma empresa. Há Fundo de Ações com rendimento pouco atrativo ou carteira de risco elevado. Assim, você precisa fazer uma boa avaliação antes de adquirir as suas cotas.

FUNDO IMOBILIÁRIO

São fundos compostos por investimentos do setor imobiliário. Podem ser Fundos de tijolo (imóveis físicos como, shoppings e hotéis) ou Fundos de papel (onde o patrimônio é composto por aplicações financeiras do setor imobiliário).

BOVESPA

A B3 é a bolsa de valores oficial do Brasil, sediada na cidade de São Paulo. Lá são negociadas as ações das empresas que têm capital aberto, ou seja, empresas que que têm ações que podem ser compradas por qualquer pessoa.

CORRETORA

É uma empresa que atua no sistema financeiro e intermedia a compra e venda de títulos financeiros a seus clientes.

 

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