Estudante de engenharia de produção, Tyciane Nunes produz doces artesanais há três anos  - arquivo pessoal
Estudante de engenharia de produção, Tyciane Nunes produz doces artesanais há três anos arquivo pessoal
Por Luana Dandara*

Rio - Há três anos, a estudante de engenharia Tyciane Nunes, 23 anos, entrou para o ramo de doces artesanais. Nesta Páscoa, resolveu investir na fabricação de ovos gourmet pela primeira vez. Incentivada por uma campanha nas redes sociais, que fomenta a compra de chocolates feitos por pequenos empreendedores, ela já teve lucro de R$ 2.300 em 20 dias, e os pedidos tendem a aumentar até o feriado.

A aposta da jovem e de tantos outros confeiteiros é embasada por dados do mercado. De acordo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), o setor reduziu em 22% as contratações para a Páscoa por causa do comportamento do consumidor. "O ovo artesanal ganha vantagem em cima do industrializado, principalmente pelo sabor. O produto é valorizado por cores e texturas", explica a instrutora do curso de Confeiteiro do Senac RJ Amanda Augusto.

A personalização do ovo é outro item que atrai clientes, e vai desde a casca e recheio até os toppings - ingredientes colocados por cima, como granulado e confeito. "O consumidor escolhe montar os ovos de acordo com as características de quem vai receber", diz a doceira Tamires de Oliveira, 23.

Devido aos bons resultados na Páscoa passada, a moradora do Méier criou kits para crianças montarem o próprio ovo neste ano. "Os pequenos gostam de participar. O Kit Confeiterinho inclui casca de chocolate, brinquedos e outras guloseimas para eles usarem a imaginação", conta. Os preços variam de R$ 15 a R$ 90.

Já Tyciane vende ainda cupcakes e minibolos decorados para a época, feitos em sua casa em Jacarepaguá. "A qualidade do chocolate é importante, não só a beleza e o preço. Tento passar um aconchego no meu produto", pontua ela, que aprendeu a fazer doces com a avó e por vídeos na internet. "Qualquer pessoa pode produzir o seu e ganhar dinheiro neste mercado", indica Tamires.

E para quem quer começar, é importante não só a capacitação na cozinha, por meio de aulas presenciais ou online, como também focar no empreendedorismo. "O mercado de confeitaria tem crescido muito por causa da taxa elevada de desemprego e a facilidade em aprender receitas, mas sem saber precificar e se relacionar com o cliente as pessoas acabam tendo prejuízo", pondera Daniela Vergara, da Escola Doce Negócios.

Presentes de crochê e EVA

A Páscoa também é oportunidade para produzir artesanato para presentes. A dentista Maria Sameiro, de 54 anos, complementa sua renda com crochê amigurumi. “É um produto exclusivo e personalizado que o cliente não encontra nas lojas e ele pode escolher roupinhas e acessórios do coelho. Além da técnica, tem muito amor e dedicação em cada ponto do trabalho artesanal”. 

 

Já Mônica Alves Santana, 44, faz trabalhos em EVA, como porta-chocolates e bichinhos de pelúcia. "As pessoas gostam de receber objetos que aproveitam depois de comer o conteúdo. Dá para presentear todo mundo", afirma. Moradora de Engenho da Rainha, Márcia Machado, 37, trabalha com biscuit há sete anos e garante que a Páscoa é uma das melhores épocas de venda. "Procuro fazer peças com uma segunda utilidade, como coelhinho baleiro. É um trabalho bonito que pode virar enfeite".

Produção para a família

Na ideia de economizar, também é possível fazer ovos de Páscoa em casa para família. O investimento é baixo: uma barra de chocolate nobre, de preço médio de R$ 22, produz até quatro ovos de colher de 250g. O recheio é feito com duas latas de leite condensado, e os utensílios necessários são moldes específicos e

termômetro de cozinha. "Gostar da área de confeitaria é suficiente para aprender", afirma Vannessa Magalhães, professora de confeitaria do Instituto Gourmet. No dia 17, ela dará um curso sobre o assunto na Universidade Unisuam, das 13h às 17h, na unidade Bonsucesso.

As inscrições estão abertas pelo telefone (21) 3882-9771, e o custo é de R$ 190. Os empreendedores, por sua vez, precisam se atentar para o embrulho e informações sobre conservação e validade. Ao precificar, Amanda Augusto, do Senac, indica multiplicar por três os custos da produção de um ovo de chocolate.

*Estagiária sob a supervisão da jornalista Marita Boos

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