Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú - DIVULGAÇÃO
Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do ItaúDIVULGAÇÃO
Por MARTHA IMENES
Rio - O semestre nem acabou e os números já sufocam o brasileiro: desemprego atinge 13,4 milhões, conforme pesquisa do IBGE; o índice que reajusta os alugueis no período de 12 meses encerrados em abril acumula alta de 8,64%, segundo a Fundação Getulio Vargas; e para dar uma "forcinha" (#soquenão) a bandeira tarifária para as contas de luz neste mês será amarela, o que significa que o consumidor vai ter que desembolsar R$ 1 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumido, segundo a Aneel. Some a esses três fatores as despesas de supermercado, transporte, combustível - para quem tem carro -, alimentação fora de casa, escola, banco, cartão de crédito, financiamento, telefone, TV a cabo. Para muitos é inevitável ficar no vermelho! O DIA consultou especialistas e pegou dicas para ajudar a equilibrar as contas até o sufoco passar. Em apenas três passos é possível sair dessa situação.
A primeira pergunta a se fazer, segundo Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú, é: quais são os gastos mensais? Ela explica que para começar a organizar as finanças deve-se fazer balanço de tudo o que se recebe e o que se gasta.
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"Numa planilha no computador, num caderno ou aplicativo no celular, faça duas colunas, de um lado anote ganhos mensais e no outro, todas as despesas. Some e compare totais de ganhos e de gastos. Com isso, saberá se terá dinheiro até o fim do mês ou se precisará cortar para não estourar o orçamento", orienta.
Diante desse "check list", o consumidor precisa priorizar o que realmente é importante. Os supérfluos devem ser cortados, como lanches na rua, "aquela blusinha" - que vai se somar a outras no guarda-roupa, pacotes de celular, cesta de serviços do banco, são algumas despesas que podem ser reduzidas.
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"Já que temos a tendência de não resistirmos às tentações que estão na nossa frente, uma dica é estabelecer limite de gasto por mês que cabe no orçamento e, assim que o limite for alcançado, não gastar mais", afirma Denise.
A segunda dica é trocar dívida cara por uma mais em conta. Como débito no especial, que tem juros de 303,2% ao ano, ou do cartão de crédito (274% ao ano) por empréstimo consignado, que pode cobrar, no máximo, 2,08% ao mês, segundo dados do Banco Central de fevereiro.
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Mas existem despesas que fixas e não há como cortar. Então, a saída é economizar. "Além de listar receitas como salário, dinheiro extra, ajuda de familiares, é preciso ver quais são os gastos fixos e os essenciais que a família tem, como aluguel, luz, gás", orienta Gilberto Braga, especialista em Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.
E há os gastos de última hora feitas por impulso. Por isso a terceira dica, orienta o educador financeiro, Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), são algumas ações simples que podem evitar grandes gastos.
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"É preciso focar nos melhores preços do que realmente é precisa, pesquisando em sites e lojas para ter certeza de que fazá bom negócio. Agir por impulso prejudica o bolso", explica.
Consignado como opção para aposentados do INSS
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Para aposentados e pensionistas do INSS, ou servidores públicos, a alternativa para trocar uma dívida mais cara por uma mais barata é o empréstimo consignado, que é descontado em direto no contracheque.
Com taxa máxima fixada pelo governo em 2,08% ao mês, para o empréstimo, e de 3%, para o cartão de crédito, o consignado oferecido aos beneficiários do INSS custa cerca de 25% ao ano nos cinco grandes bancos do país, segundo o Banco Central.
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O crédito sem desconto no salário, porém, custa entre 59% e 87% ao ano nessas instituições. Algumas financeiras, entretanto, cobram taxas anuais de aproximadamente 1.000%.
Afim de evitar o assédio de empresas de crédito sobre os aposentados, o INSS criou regras que restringem empréstimos para novos beneficiários. As regras determinam que o segurado não pode comprometer mais do que 35% da sua renda com parcelas de empréstimos — sendo 5% só com cartão de crédito. Esse limite é chamado de margem consignável.
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Apesar das restrições criadas para proteger o consumidor, o consignado também tem riscos, alerta a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). "O principal problema é comprometer até 35% do salário por um período que pode chegar a seis anos", diz Ione, ressaltando que isso pode inviabilizar o orçamento.
Ideal é evitar fazer outros débitos
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A superintendente de Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú, Denise Hills, ressalta que o melhor é não fazer novas dívidas. "O momento é de reorganizar a vida financeira e se endividar de novo é realimentar um ciclo negativo", diz. "As pessoas precisam ter relação saudável com o dinheiro para equilibrar o orçamento", afirma. Mas, acrescenta, apesar disso, a inadimplência ameaça às famílias (61,5% estavam endividadas em fevereiro).
"A mesma renda hoje quase que não dá conta das despesas de antes, o cenário é de instabilidade e as dívidas se acumulam", acrescenta.
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"Por que o conhecimento não necessariamente se converte em decisões melhores? A resposta está no prato do 'self-service' e na conta bancária: as suas escolhas", explica. "Nossa vida financeira é resultado de hábitos que repetimos na rotina. O comportamento no dia a dia, que muitas vezes confunde o que é necessário ou supérfluo, dita relações de consumo e com o dinheiro".
Bancos têm que oferecer alternativa
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É bom relembrar que desde julho do ano passado, quem usar mais de 15% do limite do cheque especial por 30 dias seguidos deve ter acesso a linha de crédito mais barata para parcelar o valor. A medida foi anunciada em abril de 2018. Cada banco pode definir qual alternativa oferecer. Então, se está pendurado no especial, procure o banco para negociar.
Em relação ao cartão, o consumidor pode usar o rotativo por, no máximo, 30 dias. Após esse período, o banco deve apresentar proposta mais vantajosa ao cliente, como crédito parcelado. O consumidor define número de prestações. Nesse caso, os juros são mais baixos que no rotativo, mas ainda assim, altos.
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Se o consumidor não pagava o total da fatura do cartão de crédito, a dívida era jogada para o mês seguinte. Isso acontecia com cobrança de juros sobre juros. E dívida virava uma "bola de neve".
Compare os tipos de crédito
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Rotativo do cartão de crédito: 295,5% ao ano em fevereiro
Cartão de crédito parcelado: 170,5% ao ano em fevereiro
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Cheque especial: 317,9% em fevereiro
Crédito pessoal não-consignado: 122,5% ao ano em fevereiro
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Crédito pessoal consignado: 24,2% ao ano em fevereiro