Rio - Um estudo sobre o comportamento e percepção dos brasileiros em relação à mobilidade urbana aponta que 76% não fazem planejamento financeiro em relação ao transporte e 62% não sabe quanto gasta por mês em suas despesas. A pesquisa 'Como o brasileiro entende o transporte urbano', feita em parceria pela 99 Táxis e o Instituto Ipsos, foi divulgada nesta quinta-feira (30), no Summit Mobilidade Urbana 2019, evento realizado pelo jornal O Estado de São Paulo em parceria com a 99, na Casa das Caldeiras, em São Paulo.
Foram ouvidas 1.500 pessoas, entre os dias 29 de abril e 8 de maio, e a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. Os meios de transporte usados oferecem um retrato sobre as discussões que margeiam a mobilidade e seus avanços e desafios: os brasileiros usam, em média, três tipos de transportes e 70% andam a pé (distâncias maiores que 500m), 46% usam ônibus e 43% carro particular. Entre o extrato pesquisado, 4 entre 10 acham difícil ou muito difícil a forma de se locomover no Brasil.
Outro ponto que liga o tema é a desigualdade entre classes que compõem a sociedade. As classes C/D/E levam, em média, cerca de 2h10 para se locomover (ida e volta) por dia — o estudo computou que a média é de 1h20. As regiões ‘campeãs’ em demora no trânsito são a Sudeste (2h24) e Nordeste (2h12). Quando possui carro, o brasileiro de classe C gasta 4x mais com o veículo do que imagina. Os entrevistados declaram gastar por mês, cerca de R$ 1.400 em financiamento, seguro, IPVA, multas, gasolina, estacionamento e outros serviços. O número, segundo revisão do Ipsos, pode chegar a R$ 2.471,33. O tempo médio perdido no trânsito entre motoristas e usuários do transporte é praticamente o mesmo, a média nacional apontou 2h07. Entre 2014 e 2018, no entanto, o número de CNHs expedidas no Brasil, caiu em 30%.
Foram ouvidas 1.500 pessoas, entre os dias 29 de abril e 8 de maio, e a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. Os meios de transporte usados oferecem um retrato sobre as discussões que margeiam a mobilidade e seus avanços e desafios: os brasileiros usam, em média, três tipos de transportes e 70% andam a pé (distâncias maiores que 500m), 46% usam ônibus e 43% carro particular. Entre o extrato pesquisado, 4 entre 10 acham difícil ou muito difícil a forma de se locomover no Brasil.
Outro ponto que liga o tema é a desigualdade entre classes que compõem a sociedade. As classes C/D/E levam, em média, cerca de 2h10 para se locomover (ida e volta) por dia — o estudo computou que a média é de 1h20. As regiões ‘campeãs’ em demora no trânsito são a Sudeste (2h24) e Nordeste (2h12). Quando possui carro, o brasileiro de classe C gasta 4x mais com o veículo do que imagina. Os entrevistados declaram gastar por mês, cerca de R$ 1.400 em financiamento, seguro, IPVA, multas, gasolina, estacionamento e outros serviços. O número, segundo revisão do Ipsos, pode chegar a R$ 2.471,33. O tempo médio perdido no trânsito entre motoristas e usuários do transporte é praticamente o mesmo, a média nacional apontou 2h07. Entre 2014 e 2018, no entanto, o número de CNHs expedidas no Brasil, caiu em 30%.
O professor Gilberto Braga, da Fundação Dom Cabral, vê uma série de fatores para analisar a pesquisa. "Em geral, não há planejamento nos lares em quase tudo que se refere à economia. Nas grandes cidades, a gente sabe que uma parte das pessoas têm mais de uma opção na forma de transporte. Embora muitos tenham uma rotina, outros decidem como vão se deslocar vendo o tempo, se está frio, chovendo ou fazendo calor. Hoje em dia há aplicativos que fornecem condições para ver como anda o tráfego. Quanto às CNHs, as pessoas que vão tirar carteira de motorista normalmente são de uma idade mais jovem e que ingressaram no mercado de trabalho e têm condições de comprar um carro. As pessoas não estão tendo dinheiro para comprar carro e isso tem a ver com crise econômica. Também existe um movimento mundial de menos carros nas ruas. O crescimento da forma dos transporte modais faz com que pessoas busquem conexões mais próximas e muitas decidem não comprar um carro. O próprio conceito de lazer familiar do fim de semana está perdendo força", analisa.
"A classe C tende a morar em áreas longe do Centro e isso por si só faz com que ter um carro fique mais caro, diferente de classes mais abastadas. Você força o uso de carro e naturalmente gasta-se mais com combustível e manutenção. A disparidade maior de moradia para a classe C, que ficam mais próximos de comunidades, com incidência de roubos e furtos, também é um fator importante", conclui Braga.
"Vivemos em um momento de transformação e ampla discussão sobre a mobilidade. Precisamos colocar as pessoas no centro do debate, para que os planos saiam do papel e a diversidade de modais melhore a eficiência e a convivência nas cidades. Entender como o brasileiro percebe seus deslocamentos é fundamental para a elaboração de soluções que atendem aos anseios da população. Essas discussões, no meu entender, passam pelo debate entre as instituições públicas e privadas. O brasileiro pode ter informação para buscar a melhor combinação entre modais, desde tradicionais a emergentes, gerando economia de dinheiro e qualidade de vida” disse, Pâmela Vaiano, diretora de Relações Públicas da 99.
Para Eva Vider, engenheira de transportes da Escola Politécnica da UFRJ, a própria rede do Rio de Janeiro perpetua as dificuldades no trânsito. "Os dados do Plano Diretor apontam esses mesmos números da pesquisa. As pessoas usam menos carros e fazem muitas viagens a pé, porque essa caminhada complementa o trajeto delas. A dificuldade de locomoção depende do eixo, mas no Rio temos uma configuração geográfica específica, onde a cidade está espremida entre o mar e a montanha. As opções dos eixos estão sempre congestionadas e a oferta de transporte público é pequena, e está aquém da população. Muita gente passa tempo no trânsito por isso. Agora, não há mágica para quem trabalha no Centro e mora na Zona Oeste, como Campo Grande, Santa Cruz. São casos de 50km de distância. Mesmo quem anda de metrô demora de mais de uma hora nesse trajeto", aponta.
"Vivemos em um momento de transformação e ampla discussão sobre a mobilidade. Precisamos colocar as pessoas no centro do debate, para que os planos saiam do papel e a diversidade de modais melhore a eficiência e a convivência nas cidades. Entender como o brasileiro percebe seus deslocamentos é fundamental para a elaboração de soluções que atendem aos anseios da população. Essas discussões, no meu entender, passam pelo debate entre as instituições públicas e privadas. O brasileiro pode ter informação para buscar a melhor combinação entre modais, desde tradicionais a emergentes, gerando economia de dinheiro e qualidade de vida” disse, Pâmela Vaiano, diretora de Relações Públicas da 99.
Para Eva Vider, engenheira de transportes da Escola Politécnica da UFRJ, a própria rede do Rio de Janeiro perpetua as dificuldades no trânsito. "Os dados do Plano Diretor apontam esses mesmos números da pesquisa. As pessoas usam menos carros e fazem muitas viagens a pé, porque essa caminhada complementa o trajeto delas. A dificuldade de locomoção depende do eixo, mas no Rio temos uma configuração geográfica específica, onde a cidade está espremida entre o mar e a montanha. As opções dos eixos estão sempre congestionadas e a oferta de transporte público é pequena, e está aquém da população. Muita gente passa tempo no trânsito por isso. Agora, não há mágica para quem trabalha no Centro e mora na Zona Oeste, como Campo Grande, Santa Cruz. São casos de 50km de distância. Mesmo quem anda de metrô demora de mais de uma hora nesse trajeto", aponta.
*Repórter viajou a São Paulo a convite da 99
Comentários