Brasileiros não se preparam para aposentadoria - Divulgação
Brasileiros não se preparam para aposentadoriaDivulgação
Por MARTHA IMENES

Rio - A maioria dos trabalhadores brasileiros não se prepara para ter uma renda extra após a aposentaria. Pesquisa da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) aponta que 81% dos entrevistados dependem exclusivamente do benefício do INSS quando param de trabalhar, enquanto apenas 19% têm planejamento para alcançar os seus objetivos. O levantamento revela ainda que apenas 16% dos colaboradores ouvidos são capacitados financeiramente, ou seja, conseguem pagar suas contas com a remuneração mensal e planejam seus gastos com antecedência.
Por outro lado, 84% dos entrevistados enfrentam dificuldades para lidar com o dinheiro, sofrem prejuízos ou não entendem de finanças. Essa soma de fatores pode levar ao endividamento e, na maioria das vezes, essas dívidas impactam diretamente no rendimento dos trabalhadores.
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"Os dados são preocupantes, visto que estamos diante de uma iminente Reforma da Previdência, em que o segurado terá que contribuir por um período maior e apenas o dinheiro do INSS não será suficiente", alerta Reinaldo Domingos, presidente da Abefin.
"É preciso educar financeiramente os trabalhadores com urgência para que eles tenham mais sustentabilidade financeira no futuro. Além disso, o ganho também é para as empresas, já que uma pessoa saudável financeiramente é muito mais produtiva, assim devem se precaver implementando programas de educação financeira como um benefício aos colaboradores", complementa.
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Tornar o pé de meia realidade depende muito menos do INSS e muito mais de planejamento, alerta Reinaldo Domingos. Mas, de onde tirar dinheiro para isso?
Domingos recomenda que o valor aplicado resulte em rendimento que seja o dobro do padrão de vida desejado. A orientação é rever prioridades e colocar a aposentadoria confortável no topo da lista dos sonhos.
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"Junto com a Reforma da Previdência as pessoas precisam mudar a relação com o dinheiro. Rever o custo de vida real e tornar a estabilidade futura uma meta de vida", orienta.
Plano de aposentadoria
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Na hora de montar este plano de aposentadoria, vale responder algumas perguntas. A sugestão é do sócio-fundador da plataforma de investimentos Mais Retorno, Danilo Ardenghi. "Muitos fatores têm que ser avaliados para construir um planejamento de aposentadoria. Aí temos quatro questões: com qual idade deseja se aposentar? quanto pode aportar mensalmente em seu plano? qual o valor gostaria de receber ao se aposentar? deseja receber o valor mensalmente ou resgatar de uma vez?", ensina.
Antes de optar por qualquer produto, adverte, é importante lembrar que os bancos têm metas mensais. Algumas delas envolvem a venda de produtos como a previdência privada. "Fique atento às condições de contratação, taxas de administração, resgate e rentabilidade", diz.
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A pesquisa da Abefin foi feita em parceria com a Unicamp e o Instituto Axxus e entrevistou dois mil funcionários de cem empresas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Distrito Federal.
CONFIRA CINCO TIPOS DE INVESTIMENTO
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1. Tesouro IPCA
É muito simples investir: basta escolher uma plataforma de investimentos. Há cotas a partir de R$ 30. O Tesouro Direto é tão seguro quanto a poupança. A modalidade IPCA oferece rendimento de acordo com a taxa básica de juros, porém, protegendo da inflação, o que significa ter um ganho real no futuro. Caso o investidor mude de planos e queira resgatar o dinheiro antes do prazo do título, ele pode correr o risco de resgatar menos do que aplicou, pois este tipo de título varia de acordo com o mercado. Por isso, é importante o planejamento financeiro.
2. Fundos de Renda Fixa Simples
O investimento pode ser uma boa alternativa para os mais conservadores. Em alguns casos, pode ser mais arriscado, mas oferece uma boa rentabilidade em relação à poupança e pode ter uma baixa taxa de administração. Para investir é preciso procurar uma corretora ou um banco que ofereça essa opção. Nos últimos 12 meses, a rentabilidade do fundo de renda fixa ficou em torno de 5,3%. Caso você encontre um fundo com uma taxa de administração pequena (menos de 1%) é possível ter um ganho ainda maior. É importante ficar atento a estas taxas.
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3. Fundos Imobiliários
Os fundos aplicados fazem muito sentido quando falamos de um investimento para longo prazo. O mercado financeiro é muito dinâmico, então o que está bom hoje não necessariamente estará bom daqui a 5 anos. É possível investir nos fundos imobiliários através de corretora. Vale ter cuidado com as oscilações do valor da cota. É uma aplicação indicada para o investidor de perfil moderado. Entre as vantagens está o fato receber mensalmente proventos isentos de Imposto de Renda (IR), além do potencial de valorização da cota do fundo.
4. Robôs de Investimento
O robô é uma empresa (fintech) que aloca o dinheiro do investidor em uma carteira personalizada de acordo com o objetivo da sua reserva financeira. Para a aposentadoria, é uma grande oportunidade de construir um patrimônio de acordo com o que deseja para o futuro. Quem quer investir precisa abrir uma conta na empresa escolhida. Há opções com depósitos a partir de R$ 100. Como é um serviço novo no mercado e uma parte do patrimônio é alocada em renda variável, os robôs são indicados para investidores com perfil de moderado a arrojado.
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5. Ações
O investimento em ações está atrativo neste momento de bolsa em alta. Comprar uma ação é bem simples, assim como o fundo imobiliário ou previdência privada, basta ter um cadastro em uma boa corretora de valores e comprar através do Home Broker. Para quem não sabe como escolher as ações de sua carteira, o melhor caminho é optar por alguns fundos de ações que contemplam o investimento em várias. Como se trata de renda variável, o ativo é recomendado para investidores com perfil arrojado ou agressivo.
Aplicações em previdência em alta
As aplicações em previdência privada têm crescido, conforme levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprev). Segundo levantamento, as reservas dos planos de previdência privada aberta totalizaram R$ 857,9 bilhões no primeiro trimestre de 2019, volume 10% superior em relação a igual período do ano anterior.
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Normalmente os planos são um dos principais produtos recomendados pelos gerentes dos bancos como aplicação para quem quer uma aposentadoria complementar. Na prática, nos planos PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), ambos são conservadores e de longo prazo.
A diferença está no benefício fiscal. No primeiro, o Imposto de Renda só vai ser descontado no resgate ou do que for recebido ao fim do plano. E quem faz declaração completa do IR pode deduzir gastos de até 12% da renda.
O VGBL, por outro lado, é válido para quem vai demorar um tempo maior para resgatar. O IR vai incidir sobre os rendimentos do plano e não sobre o total de depósitos acumulado.
As aplicações não deixam de ser possibilidade de reserva financeira para daqui a 30 anos. Porém, as taxas de administração, carregamento e de resgate, por exemplo, podem comprometer o rendimento e acabar tornando a previdência privada não muito atrativa.
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"É difícil projetar se a reforma passará rápido pelo Congresso e como sairá de lá. Independente das mudanças, quanto mais cedo começar a investir, é mais fácil ter estimativa de quanto será a renda", diz o diretor de produto e tecnologia do Guiabolso, Julio Duram.
Tesouro direto é uma alternativa
E com a perspectiva de Previdência deficitária no curto prazo, conforme diz o governo, como proceder? Para o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec e da Fundação D. Cabral a alternativa é organizar as finanças para eliminar "ralos" e investir, mesmo que seja pouca grana para ter um dinheiro no futuro. Os títulos do Tesouro Direto tiveram rendimento recorde e remuneraram melhor os investidores. Em maio foram distribuídos R$ 9 bilhões para 122 mil investidores.
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"Para quem investir R$ 50 por mês no Tesouro Selic depois um ano terá investido R$ 600, que valeriam R$ 616,65, contra R$ 612,41 na poupança", pontua Gilberto Braga. Ele explica que se aplicar R$ 100 por mês, depois um ano teria investido R$ 1.200, que valeriam R$ 1.233,31.