Hipótese é estudada após lançamento da linha de financiamento corrigida pelo IPCAValter Campanato / Agência Brasil
Por MARTHA IMENES
Publicado 21/08/2019 05:00 | Atualizado 21/08/2019 07:24
Rio - O governo lançou uma linha de financiamento habitacional na Caixa Econômica Federal (CEF) que será corrigido pela inflação oficial medida pelo IPCA e não mais pela Taxa Referencial (TR). A previsão para a inflação oficial, segundo o Banco Central, é de 3,71% para este ano, e mais uma taxa fixa de 4,95%.
Para quem tiver um bom relacionamento com a Caixa (ter conta no banco e apresentar baixo risco de inadimplência, por exemplo), esse percentual cai a 2,95% mais o IPCA. Os valores serão corrigidos mensalmente, prestação a prestação, conforme o IPCA mais recente. A nova linha de crédito foi anunciada pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, em cerimônia no Palácio do Planalto, com a participação do presidente Jair Bolsonaro e outros membros do governo.
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A linha de financiamento praticada atualmente traz uma correção da TR, que está zerada, mais 9,75% do valor financiado. Essa porcentagem pode cair até 8,5% para clientes com boa relação com o banco.
Guimarães disse que o valor da prestação do financiamento imobiliário poderá ser reduzido até pela metade. “O que representa isso? Um imóvel de R$ 300 mil, que hoje você começa pagando R$ 3 mil, você baixará, com 4,95% de taxa, de R$ 3.168 para R$ 2 mil. Se você chegar a uma taxa de 2,95%, você chega a uma redução de 51% na prestação”, disse.
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Caso o cliente não queira financiar com base no IPCA, temendo um aumento muito grande na inflação no futuro, ele poderá optar pela linha já usada. “Se o cliente tiver esse receio, ele pode continuar com TR. Exatamente por causa disso, um componente do IPCA mais volátil, que a gente reduziu tanto, para 4,95%”, disse.
O presidente Jair Bolsonaro participou do evento e disse que a medida é um ganho para a sociedade como um todo, tanto para quem vai comprar, quanto para os setores imobiliário e da construção. “Isso é muito bem-vindo. E a sociedade toda ganha, todo mundo ganha. Vamos, na medida do possível, dando sinais que queremos fazer um Brasil melhor para todos”.
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Banco do Brasil anuncia juros diferenciados
No mesmo dia em que a Caixa Econômica anunciou crédito habitacional corrigidos pela inflação, o Banco do Brasil (BB) passou a oferecer financiamentos imobiliários com juros diferenciados conforme o prazo de operação. Modalidade inédita no Brasil, esse tipo de crédito, segundo o BB, busca atender à demanda por financiamentos mais curtos com taxas mais baixas.
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Válido para as linhas do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e para a Carteira Hipotecária (CH), o novo sistema caracteriza-se pela diminuição dos juros quanto mais curto for o prazo. As operações de 60 meses (cinco anos) terão taxa a partir de 7,99% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que está zerada. De 119 a 178 meses serão 8,10% ao ano mais a TR. Os financiamentos de 359 a 418 meses (29 anos e 11 meses a 34 anos e 10 meses) cobrarão juros a partir de 8,45% ao ano mais TR.
Nas linhas SFH e CH, o cliente têm carência de até seis meses (seis meses para pagar a primeira prestação) e a possibilidade de pular a parcela um mês por ano. A simulação com as novas taxas por prazo já pode ser conferida na página www.bb.com.br/imoveis.

Mudança terá impacto em todo o segmento imobiliário
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Para Bruno Gama, executivo da Credihome, plataforma online de soluções de crédito imobiliário, a mudança da indexação de linhas de crédito imobiliário da Taxa Referencial (TR) para indexadores de inflação como o IPCA deverá ter um impacto significativo em toda a cadeia imobiliária, transformando a dinâmica do mercado e abrindo espaço para outros modelos de amortização.
"A expectativa é de que o mercado receba positivamente a mudança, tanto quanto ao tipo de indexador - que já é muito mais familiar ao brasileiro - quanto em relação à perspectiva de adoção de outros modelos de amortização como da tabela Price, mundialmente utilizada", aponta.
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Hoje o sistema de amortização mais usado é o SAC, que consiste em amortizações constantes, com prestações mais altas no começo do financiamento e parcelas decrescentes, pressionando o orçamento das famílias no início do ciclo de financiamento.
Já o modelo Price, usando bastante no varejo e em demais modalidades de financiamento no Brasil, adota parcelas fixas. Segundo o executivo, a nova indexação permite modernizar o modelo financeiro de financiamento imobiliário, instrumentalizando novas fontes de recursos e dando força para novos agentes da cadeia, com estímulo à competição.
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"A TR acabava restringindo o funding ao mercado imobiliário a um pequeno grupo de instituições financeiras. Com a adoção de um indexador de mercado, a expectativa é de que isso estimule a entrada de novos players nesse mercado. O aumento de concorrência permite a imediata flexibilização de produtos e processos, trazendo inovações na prateleira de produtos, além de incentivar a queda dos custos para o consumidor", explica Gama.