Os gastos com habitação consumiram a maior proporção da cesta de consumo das famílias, 36,6%, ante 35,9% na POF anterior. Também aumentou a destinação de recursos para a saúde (de 7,2% para 8,0%) e educação (de 3,0% para 4,7%). Os gastos das famílias com transporte (18,1%) superaram os de alimentação (17,5%) pela primeira vez.
"Na medida em que a renda vai aumentando, a despesa com alimentação diminui. Se você ganhar o dobro vai gastar o dobro com alimentação? Não. Vai gastar em outras coisas", exemplificou Leonardo Vieira, analista da POF no IBGE.
Para Martins, as famílias também podem ter substituído itens de maior valor por outros mais baratos. "Na alimentação, você consegue fazer substituição, trocar um alimento por outro. No transporte não."
A pesquisa identificou ainda que os brasileiros estão comendo mais fora de casa. As famílias gastaram, em média, R$ 658,23 mensais com alimentação, sendo 67,2% (R$ 442,27) com alimentos consumidos no domicílio e 32,8% (R$ 215,96) em restaurantes, bares e lanchonetes. O avanço foi maior entre as famílias de zonas rurais. "Pode ser que o desenvolvimento dessas áreas tenha contribuído. Estão chegando mais estabelecimentos nessas áreas", justificou Martins.
No entanto, o fenômeno também pode ter contribuição de mudanças no mercado de trabalho, com mais mulheres ocupadas fora de casa ou simplesmente mais pessoas da família trabalhando fora do domicílio, acrescentou o pesquisador.
Na última década, os brasileiros gastaram menos do orçamento com carnes, cereais, farinhas e massa, leites e derivados, e óleos e gorduras. No entanto, ganharam importância na cesta de compras os legumes e verduras, frutas, aves e ovos, bebidas e alimentos preparados.