Por Luiz Fernando Santos Reis*
Rio - Antigamente, quando não se queria ver a realidade, dizíamos para “tirar o sofá da sala” como se, com isso, conseguíssemos resolver todos os problemas. Hoje vemos esse ditado ser aplicado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Não sabemos, se por falta de planejamento ou de recursos, o município, por meio do Instituto de Geotécnica, deixou de investir na contenção das encostas criando o estado de calamidade que hoje atravessamos. No entanto, agora foi dada a solução: interditar 19 vias em dias de chuva. Tiraram o sofá da sala.

É obvio que, se essa é a única alternativa para se evitar novas tragédias, temos que nos acomodar vendo o caos nosso de cada dia correr o risco de aumentar violentamente. A interdição da autoestrada Grajau-Jacarepaguá vai provocar congestionamentos iguais ou maiores pelos quais hoje passam os moradores da Barra da Tijuca e de São Conrado que dependem de uma única via de escoamento, a autoestrada Lagoa-Barra, uma vez que a Avenida Niemeyer segue interditada desde de maio.

Aliás, sobre a Autoestrada Lagoa-Barra, também paira uma ameaça de interdição. Não podemos esquecer do recente desmoronamento que ocorreu sobre o Túnel Acústico. Desde o início do autal mandato até hoje, a média anual de investimento é de aproximadamente R$ 88 milhões por ano, o que equivale a 19% do que era anteriormente investido (veja o gráfico). 
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Só esse dado já é suficiente para entendermos o porquê da necessidade de se interditar as vias de circulação. É importante lembrar que a prefeitura havia prometido entregar as obras emergenciais da Niemeyer concluídas até novembro, mês que estamos entrando. Aparentemente será difícil cumprir a promessa. Até o momento não temos notícias de quando serão concluídas.

Por que essa indefinição? Uma obra emergencial dessa importância necessita de um planejamento minucioso e detalhado. Não aceita improvisações. As empresas contratadas precisam ter as garantias contratuais asseguradas e os pagamentos dos serviços realizados religiosamente efetuados. Será que isso ocorre?

Pelo que conseguimos apurar, em consulta ao Portal “Rio Transparente” (atualizado em 30/10), dos R$ 40,9 milhões das obras contratadas, as empresas receberam o equivalente a 13,62%. Como conduzir essas obras, de alto grau de dificuldade, em ritmo compatível com a necessidade da população sem que as empresas tenham recebido o equivalente ao que já foi executado?

Mesmo que ocorra um atraso na entrega, as empresas merecem nosso agradecimento, pois estão investindo fortemente, sem receber do poder público, a contrapartida devida.

*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro (AEERJ)