Dólar
 - Arquivo / Agência Brasil
Dólar Arquivo / Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Brasília - O dólar renovou recordes na tarde desta terça-feira, chegando à cotação máxima de R$ 4,2774 (+1,49%). Mais cedo, ação extra do Banco Central, com venda à vista de dólares, havia amenizado a pressão, mas logo depois o movimento de alta acelerou.

O movimento de alta começou como reação do mercado à fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira, em Washington, nos Estados Unidos. Ele disse não estar preocupado com o dólar acima de R$ 4,20 e que "é bom se acostumar com o câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo".

A operação do BC ocorreu das 11h03 às 11h08 desta terça-feira e não foram divulgados os montantes ofertados. Conforme o BC, a taxa de corte do leilão foi de R$ 4,2320.

Mais cedo, o BC há havia feito operação de venda à vista de dólares e de swap cambial reverso, que equivale à venda de dólar no mercado futuro.

Na tarde desta terça, ainda em Washington, o ministro alterou o discurso sobre a composição do mix de política econômica que mencionou durante entrevista coletiva dada na segunda. Sem citar o câmbio, ele apontou que a composição da política econômica é "política fiscal apertada e monetária frouxa", enquanto, anteriormente, tinha destacado que o mix era por juro de equilíbrio mais baixo e câmbio neutro mais alto.

"A máxima (nesta terça) foi após a fala dele. Era esperado que falasse algo explicando melhor a declaração de ontem (segunda), não fez isso, então a tendência continuou", afirmou um trader.

Logo após a ação do Banco Central, o dólar desacelerou para o patamar de R$ 4,24, mas logo voltou a subir.

Às 15h32, a moeda era cotada a R$ 4,2752, com alta de 1,44%. O dólar turismo era vendido a R$ 4,4723 em São Paulo.

Às 16h40, o dólar estava cotado a R$ 4,2400.

Na segunda-feira, o dólar fechou em nova máxima histórica, a R$ 4,2145, o maior valor desde o início do Plano Real.

Em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington, Guedes disse que o Brasil tem uma moeda forte e que flutuações no câmbio não são motivo de preocupação. "Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto."

O sinal do ministro reforça a percepção do mercado de que o Banco Central pode fazer o último corte de juros em dezembro. Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que se o patamar da moeda americana pressionar os preços, o BC poderá atuar via política monetária (ou seja, na taxa de juros), e não via câmbio.

Na manhã desta terça, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que "há prós e contras" com fato de o dólar ter alcançado novo valor nominal recorde. "Se você for analisar na ponta da linha, tem vantagens, prós e contra no dólar a R$ 4,21 como está agora (sic)", afirmou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada. "Espero que caia (a cotação da moeda), torço, assim como torço para que caia a taxa Selic, torço para que aumente a nossa credibilidade junto ao mundo", acrescentou.

Bolsa em queda

Logo na abertura do pregão, o Ibovespa perdeu a marca dos 108 mil pontos. Às 15h33, o Ibovespa caía 1,64%, chegando aos 106 640 pontos, na mínima.

Aéreas

A disparada do dólar pesa também nas ações de companhias aéreas e os papéis da Gol e da Azul perdiam perto de 4%. Essas empresas possuem 70% de seus custos atrelados à moeda americana, como suas dívidas, por exemplo, por isso são muito afetadas pela valorização da divisa.