Por MARTHA IMENES
Publicado 08/11/2019 00:00

Após a Reforma da Previdência, a minirreforma trabalhista, chegou a vez da Reforma Tributária ser apresentada. O governo Bolsonaro deve lançar na próxima semana o que o ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou de "Imposto sobre o pecado" durante palestra no Tribunal de Contas da União (TCU). Esse imposto, que não teve a alíquota divulgada pelo ministro, incidiria sobre cigarro e bebidas alcoólicas. "Vamos ver no Congresso. O cara fuma muito? Bebe muito? Então, taca imposto nele. Por que, se fuma muito, vai ter problema de pulmão lá na frente, vai ocupar hospital público, então põe logo um imposto nele. Mas vício tem que ser caro, para ver se desincentiva", afirmou o ministro.

A declaração foi recebida com cautela por especialistas em Direito Tributário. Eles avaliam que Paulo Guedes pode modificar o dispositivo que já existe e não criar um outro imposto. Segundo eles, seria mais prudente. "Os maiores arrecadadores do país são as indústrias de cigarros e bebidas", explica o advogado Nelson Naibert.

PESO DOS IMPOSTOS

São encargos presentes na carga tributária do cigarro como IPI, ICMS, Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Hoje a carga tributária total sobre os cigarros fica em 81%, sendo 45% de IPI, 11% de PIS/Cofins e 26% de ICMS, segundo a Receita Federal. Já o que incide sobre bebidas alcoólicas vai de 55% a 70%.

Procuradas, as companhias Souza Cruz e Ambev preferiram não comentar a declaração do ministro. Questionado pelo DIA sobre a criação de mais imposto, e sobre o fato de o Brasil ser um Estado laico, ou seja, sem religião - portanto determinar o que é pecado ou não parte da consciência de cada um e não de política de governo -, o Ministério da Economia não se pronunciou até o fechamento dessa edição.

Governo adianta que percentual do IVA será alto
"Quando você dá um choque digital, a taxa de reposição cai bastante", defende Paulo GuedesTânia Rêgo / Agência Brasil
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Lei Rouanet vai financiar evento de igreja
Deputado federal Marcos Soares (DEM-RJ)Agência Brasil
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou na última segunda-feira uma proposta que permite usar a Lei Rouanet para financiar eventos promovidos por igrejas. Hoje, a legislação já reconhece como manifestação cultural a música gospel e os eventos a ela relacionados, exceto aqueles promovidos por igrejas. Cabe destacar que a aprovação da proposta ocorre no momento em que o governo avalia colocar nome ligado aos evangélicos no comando da Secretaria Especial de Cultura, transferida do Ministério da Cidadania para o Ministério do Turismo.
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O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou que um dos nomes avaliados pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar o cargo é o do ex-deputado federal Marcos Soares (DEM-RJ), filho do pastor R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus.
A proposta aprovada foi apresentada pelo deputado Vavá Martins (Republicanos-PA), que é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. A proposta ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, se aprovada, poderá ir direto ao Senado.
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