Maior parte do trigo utilizado no Brasil é importado da Argentina e sofre o impacto da alta do dólarFernanda Dias
Por MARTHA IMENES
Publicado 20/11/2019 05:00 | Atualizado 20/11/2019 09:41

Após passar mais de 50 dias sem mexer nos preços de combustíveis, a Petrobras anunciou o aumento da gasolina e do diesel nas refinarias em 2,77% e 1,18%, respectivamente. Esse reajuste ocorre apenas um dia após o dólar bater recorde histórico de R$ 4,20, a maior cotação desde a criação do Plano Real em 1994. A união desses dois fatores: alta de combustível e dólar vai impactar diretamente no bolso do consumidor. Para se ter uma ideia, o pãozinho francês pode subir de 5% a 10%, segundo projeção do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo).

"A maior parte do trigo que abastece o mercado brasileiro vem da Argentina e é pago em dólar, com uma cotação a R$ 4,20, as margens (de lucro) que já estão pressionadas ficarão mais ainda", avalia Geraldo Gonçalves, presidente do Sinditrigo. Ele conta que ao longo de 2019 o preço do trigo subiu em média 40% e as empresas de toda cadeia não repassaram nem 20% dos custos.

E o leitor deve se perguntar por que outros produtos além do trigo vão aumentar? O DIA explica: como as rodovias são o meio de transporte mais utilizado no país, o valor dos combustíveis afeta diretamente o bolso de todas as famílias. "A gasolina está presente na estrutura de custos de todas as empresas. Mesmo que não perceba de forma direta, pesa no bolso. Transportadoras e transporte público serão os mais afetados, pois os insumos tendem a vir mais caros, como frete, por exemplo", explica o economista Eduardo Bassin, da Bassin Consultoria.

 

Pressão sobre a estatal
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Pesquisar antes de abastecer
Para abastecer sem pesar tanto no bolso é preciso pesquisar. No site da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (www.anp.gov.br/preço), é possível conferir os preços do combustível e buscar onde tem valores mais em conta. Em Guadalupe, por exemplo, no posto Carrefour, o litro da gasolina está em R$ 4,579, o mais baixo do município. O mais caro é o posto Passaredo, na Avenida Brasil, em Bonsucesso: R$ 5,499. Esse levantamento da ANP foi realizado no último dia 11, portanto, ainda não está valendo o reajuste anunciado ontem.
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É importante destacar que o repasse às bombas depende de políticas comerciais e variam de cada posto e distribuidora, conforme a Lei 9.478/1997.
Mas segundo o economista Eduardo Bassin, o que explica o motivo do consumidor não sentir as quedas dos preços, quando elas acontecem, é a falta de concorrência. "Dependendo do local em que o posto está, o dono se sente mais à vontade para reajustar quando há aumento e não se vê obrigado a voltar atrás quando cai", explica.
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