Para Inocentini, a falta de valorização do piso achatará ainda mais os benefícios.Divulgação
Por MARTHA IMENES
Publicado 01/12/2019 06:00 | Atualizado 01/12/2019 11:05

Nem R$ 1.040, como previa o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias apresentado em agosto, nem R$ 1.039, nem R$ 1.030, o salário mínimo deve ficar em R$ 1.031 no ano que vem. Confirmando as previsões, este ano beneficiários do INSS ficarão sem aumento real. Isso porque o governo mudou a política de valorização do salário mínimo. "A falta de aumento real do mínimo vai prejudicar ainda mais aposentados e pensionistas, que já ganham pouco", critica João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Idosos (Sindnapi).

E como era antes? No cálculo do reajuste, que garantia o ganho real, eram levados em conta a inflação e a variação do Produto Interno Bruto (PIB). "Se a fórmula anterior fosse aplicada no salário de 2020, a regra levaria em conta o crescimento do PIB de 2018, que foi de 1,1%. E mais o INPC de 3,3%", informou Tonia Galleti, coordenadora do departamento jurídico do Sindnapi. "Com o PIB nós teríamos um salário mínimo de pelo menos R$ 1.044. Daria R$ 13 a mais que o previsto", acrescenta.

E o que o aposentado conseguiria comprar com esses R$ 13 de diferença? Se fosse nos Supermercados Guanabara, a pessoa poderia comprar uma cartela com 30 ovos tipo A por R$ 7,99, mais um quilo de açúcar Guarani (R$ 1,99), e uma caixa com um litro de leite Elegê ou Parmalat por R$ 2,47.

Começou em 2004

Essa fórmula começou em 2004, na época do governo Lula, virou lei em 2015 (governo Dilma) e vigorou até 2018. Mas como nem sempre o mínimo passou a inflação, o reajuste algumas vezes ficou aquém do esperado.

Em 2018, por exemplo, o reajuste dos benefícios acima do mínimo foi de 2,07%, enquanto a variação do salário mínimo foi de apenas 1,81%. A correção mais baixa em 24 anos que os aposentados do INSS tiveram.

 

Sindicato promete fazer pressão
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Indústria aprova medidas
Governo revisou valores para 2020
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Na última terça-feira, o governo revisou a previsão do salário mínimo para 2020. O valor divulgado pelo Ministério da Economia é de R$ 1.031 no próximo ano. O Orçamento inicial de 2020 encaminhado ao Congresso previa que o salário fosse de R$ 1.039. A diferença é explicada por uma previsão menor de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo IBGE, que costuma reajustar os salários.
A previsão oficial do governo caiu de 4% em agosto para 3,5%. Com isso, também cai o reajuste do salário mínimo. As informações foram divulgadas pelo governo junto com outras mudanças no Orçamento de 2020. Entre elas, está uma previsão maior de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 2,17% para 2,32%.
Atualmente, o piso nacional é de R$ 998. Mesmo assim, essa será a primeira vez que o salário mínimo, que serve de referência para mais de 45 milhões de pessoas, ficará acima da marca de R$ 1 mil.
"Haverá redução em R$ 8 no salário mínimo para 2020. O número cai de R$ 1.039 para R$ 1.031. O INPC foi reestimado para 3,5%. Aqui se preserva o poder de compra do salário mínimo. O INPC, por diversas medidas, foi reduzido. Então, se reduz o valor da correção do salário mínimo", disse o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Junior.

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