Por Luiz Fernando Santos Reis*
Rio - Costumamos dizer que o Brasil é um país competitivo só até a porta da fábrica porque a competitividade se perde no caminho da mercadoria ao seu destino. Nossas estradas são deficientes, o sistema ferroviário é limitado e os portos, com raras exceções, são obsoletos.

Infraestrutura, porém, não se restringe ao sistema de transportes. Em saneamento básico, apesar de toda evolução, ainda somos deficitários. O quadro do Rio de Janeiro é dramático. Somos o estado que mais perdeu postos de trabalho no setor da construção nos últimos cinco anos: 163.260 empregos a menos, queda de 50,2%, enquanto a redução em São Paulo e em Minas, por exemplo, não chegou a 30%.

Em 2019, o Rio reagiu e alcançou alguma recuperação (+4,1%), mas ainda é baixa, considerando o volume de empregos perdidos nos últimos anos. No mesmo período, Minas Gerais cresceu 6,6%; Paraná, Santa Catarina, Bahia e Ceará registraram índices de retomada acima dos 5,5%

Como reverter esse quadro? A Firjan tem elaborado excelentes trabalhos demonstrando a necessidade do Rio melhorar sua infraestrutura para que o ambiente de negócios volte a ser atraente aos investidores. O estudo, entregue pela Firjan à Presidência da República, focou na Região Metropolitana e considerou o período entre 2019 e 2026.

Ele avaliou e estimou investimentos nas seguintes áreas: universalização do saneamento (R$ 15,1 bilhões); extensão da Linha 2 do metrô e criação da Linha 3 (São Gonçalo-Niterói); finalização da estação da Gávea, ampliação da Linha Vermelha e da Via Light (R$ 11,4 bilhões); abertura de 213 mil vagas em creches e pré-escolas (R$ 1,8 bilhão); criação de 114 mil habitações (R$ 10,9 bilhões); e abertura de 14 mil vagas em 4 novas unidades prisionais (R$ 1,2 bilhão). Se somadas, as necessidades de investimento nesses setores seriam de R$ 40,4 bilhões.

Em outro trabalho, a Firjan identificou 148 oportunidades de novas concessões ou PPPs, perfazendo investimentos de R$ 54,8 bilhões em rodovias estaduais, saneamento, iluminação pública e educação infantil. Estamos falando da potencialidade de investimentos da ordem de R$ 95,2 bilhões.
Considerando que para cada bilhão investido em infraestrutura, são gerados três mil empregos em outros setores, em um cenário hipotético em que o Rio conseguisse ter a totalidade dos R$ 95,2 bi, teríamos cerca de 300 mil novos postos de trabalho.

São dados que evidenciam a relevância da retomada dos investimentos em infraestrutura e o impacto na vida das pessoas e na geração de riqueza para a sociedade.


*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)