O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) lá nos idos de 2008, e com investimentos de US$ 8,4 bilhões, foi promessa de geração de empregos e de transformação do perfil industrial, econômico e ambiental de Itaboraí e regiões adjacentes. Mas ficou só na promessa. As obras pararam em 2015 e com isso todo entorno, que se preparou para receber centenas de trabalhadores e investidores, se viu à míngua. O que se vê na região são construções inacabadas, lojas fechadas e moradores, como no filme, "à espera de um milagre". Mas, no que depender da Petrobras, o Comperj vai retomar fôlego e os projetos serão retomados. Diante dessa expectativa, o comércio começa, timidamente, a mostrar recuperação.
Uma ideia de 2011 voltou à tona e, se implementada, vai recuperar a região. A estatal confirmou ao O DIA que estuda instalar uma fábrica de lubrificantes no Comperj a partir de uma conexão com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc). "Temos dois estudos em andamento. Um é a parceria com a Equinor para a construção de plantas termelétricas na área do Comperj. O outro é a utilização de equipamentos do Comperj para produzir lubrificantes de última geração pela Reduc", afirmou Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras.
Ao invés de instalar novos equipamentos na Reduc, que vai passar por um processo de modernização, a ideia da estatal é ter um duto que parta da refinaria até o Comperj. "É um projeto da Petrobras e não tem investimento estimado ainda, é uma ideia", afirmou Castello Branco.
De acordo com o presidente da estatal, a Petrobras quer investir US$ 6 bilhões, ao longo de quatro anos, na modernização do parque de refino. Se a venda das oito unidades, conforme previsto no Plano Estratégico 2020-2024, for bem-sucedida, a capacidade ficará concentrada em Rio de Janeiro e São Paulo.
O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, estima que uma participação em Marlim poderia render entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões. O maior volume de recursos do plano de desinvestimentos, no entanto, deverá vir das vendas de refinarias, afirmou o diretor de Relações Institucionais da estatal, Roberto Ardenghy.
Há quatro anos, o cenário na região do Centro de Itaboraí era parecido como o de um filme de faroeste. Engana-se quem pensa que essa comparação seja apenas pela poeira. Na verdade as ruas, antes lotadas de pessoas, começaram a ficar vazias e os comércios decidiram fechar suas portas e suspender as atividades.
Hoje, com a volta da agitação nas instalações do Comperj, a cidade vive a esperança de melhoria financeira. A notícia, não tão antiga, caiu como uma luva para quem desejava investir seu dinheiro no município. Um dos beneficiados é o empresário Alexandre Miguel, que nesta semana vai inaugurar sua segunda loja no Centro.
"A minha visão hoje para Itaboraí é de progresso. Sabemos que a cidade tem potencial para isso e, por isso, decidimos investir nosso dinheiro aqui. Acredito que a retomada do Comperj vai dar uma explosão em nosso município", explica o empresário.
"Foram quatro anos passando por várias empresas que eram contratadas pela Petrobras. Eu tinha um salário muito bom. Conseguia manter as contas de casa em dia e ainda sobrava para aproveitar com a minha esposa. Infelizmente as coisas mudaram e perdi meu emprego. E agora, depois de alguns anos desempregado, tenho esperança de conseguir um emprego novo".
Hoje, casado e com uma filha de quatro anos, o enganador industrial encontrou no mercado das plantas a oportunidade de um novo emprego. "A gente não pode ficar parado. Não posso dar espaço para o desespero. Tenho que dar continuidade à minha vida. Quando encontro uma pedra no meio do caminho, eu passo por ela e continuo a caminhada".