Ao contrário do que a pandemia do coronavírus vem provocando no Rio com ruas vazias, serviços e comércios com baixa frequência, há uma camada de trabalhadores que está bombando na cidade. Com a mudança na rotina dos cariocas, os entregadores viram o trabalho e a renda aumentarem nos últimos dias. Segundo um dos aplicativos de delivery - o Rappi - o número de pedidos cresceu 30%. Mas empregados de estabelecimentos temem que com a baixa procura de clientes eles sofram as consequências como demissão. Ontem, o governador Wilson Witzel recomendou que os serviços de bares e restaurantes sejam evitados pela população e que se use os serviços de entrega.
Para Hesley Oliveira, 22, os pedidos triplicaram. "Estou há um ano como entregador e nunca vi uma segunda-feira (ontem) como essa. Já recebi três vezes mais do que faço normalmente", conta. Vanderson Santiago, 23, concorda com Hesley. "O app toca toda hora. É um atrás do outro. Está bem diferente depois do que o governador decidiu", diz.
Os aplicativos adotaram protocolos para evitar o contágio. Entre eles incentivo para pagar via app, entrega do produto a pelo menos dois metros do cliente, distribuição de material de limpeza, álcool gel 70% e panos desinfetantes. "Na Uber, prestador diagnosticado com o Covid-19 receberá assistência financeira durante até 14 dias", afirmou em nota.
Embora os entregadores estejam com alta de pedidos, o advogado trabalhista Sérgio Batalha lembra que outros autônomos podem sofrer com os efeitos da pandemia. "Quem é informal infelizmente está desemparado e ficará sem receber. Não há um vínculo de empregado e assim ele fica prejudicado", afirma Batalha.
MEDIDAS
Para não agravar ainda mais a situação econômica no estado, o governo estadual vai disponibilizar R$ 320 milhões para ajudar pequenas e microempresas e empregadores individuais. "Serão essas as que mais vão sofrer, vamos ajudar com um financiamento com carência de 12 meses", disse Witzel.
A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping e a Associação Brasileira de Shoppings Centers vai reivindicar a flexibilização na cobrança de impostos. A Prefeitura de Niterói, por exemplo, já suspendeu a cobrança do ISS por três meses para diminuir efeitos econômicos sobre empresas da cidade.
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