Rio - Vendedores parados nas portas das lojas, clientela escassa e ruas vazias, esse foi o cenário encontrado na manhã de ontem, na Saara, principal polo de comércio popular no Centro do Rio. O clima é reflexo das medidas contra o novo coronavírus determinadas pelo governo do estado, que preveem o isolamento dos cariocas e fluminenses. De acordo com a Fecomércio-RJ, a redução deve causar um prejuízo de R$ 30 bilhões em março.
Para a associação de comerciantes da Saara, somente na última semana, a queda no movimento de clientes pelas ruas que fazem parte do polo foi de 95%. Com a baixa procura e o risco de contaminação com a Covid-19, quem ainda trabalha no local já se programa para o fechamento.
"Hoje é o último dia que abrimos. Já demos férias coletivas para 11 dos 15 funcionários ativos aqui. Os outros quatro, incluindo eu, já não vêm a partir de amanhã (hoje)", explica Norberto Zatar, gerente do restaurante Sabor do Saara, na Rua Senhor dos Passos.
O locutor de loja, Valter Silva, de 44, diz que nunca viu o movimento tão ruim no estabelecimento onde trabalha. "Olha para esses corredores. Fazemos o que podemos aqui para chamar os clientes pingados que estão passando", lamenta o profissional.
Zona Norte
A habilidade com as mãos exige de Manoel Rodrigues de Souza muita precisão para desempenhar o ofício de cabeleireiro e de músico após o expediente no Chaga's Cabeleireiros, na Tijuca. Aos 77 anos e, portanto, pertencente ao grupo de risco à pandemia do coronavírus, ele decidiu pela pausa na dupla função. Além da queda do movimento em mais de 50% na clientela, a crescente no número de casos no Rio o tem deixado apreensivo.
"Funcionaremos até sábado e reabriremos no dia 28. Estou com muito receio. Afinal, tenho quase 80 anos. Assisti à Copa de 70, trabalhando neste mesmo salão e nunca vi nada parecido", disse Manoel.
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