Rio - Com a crise gerada pelo novo coronavírus, famílias têm enfrentado dificuldades para suprir necessidades básicas do dia a dia. Há, ainda, a preocupação de como pagar as contas que chegam agora no começo de abril. Neste cenário, bancos adotaram medidas que possibilitam adiar a quitação de empréstimos e financiamentos imobiliários. Porém, neste momento, os especialistas dizem que o cliente precisa ficar de olho para não cair em armadilha e analisar juros para não ficar endividado lá na frente.
Segundo a educadora financeira e especialista em finanças Raffaela Fahel, os consumidores precisam atentar se o banco oferecerá algum tipo de multa. "Como partiu das instituições financeiras essa possibilidade de adiamento nos pagamentos de empréstimo e financiamento imobiliário, não há motivo para a cobrança de multa. Foi uma opção receber dois, três meses daqui para frente", orienta ela.
A educadora financeira explica que há alguns pontos que precisam ser levados em conta. "Quanto mais na frente for pagar, mas juros terá que pagar. Mas há aqueles bancos que afirmaram isentarem os juros. Só que mesmo assim as pessoas não podem esquecer que será um novo cenário e nova correção monetária. A gente precisa pensar que está em um cenário de inflação muito baixa, mas não sabe como será a crise do coronavírus", diz Raffaela.
Outro ponto é que as medidas das instituições bancárias anunciadas não englobam as dívidas com cheque especial e cartão de crédito. Neste caso, se o consumidor tiver alguma reserva, o educador financeiro Reinaldo Domingos indica optar pelo pagamento dessas parcelas. "Essas linhas apresentam os juros mais altos e não foram divulgadas por muitos bancos. O cartão de crédito representa quase 80% das dívidas dos brasileiros. É como se os bancos estivessem dando aspirina para quem precisa de antibiótico", compara ele.
Mas, caso o consumidor necessite adiar o pagamento das contas, os especialistas indicam planejamento de longo prazo das contas para que não se forme uma bola de neve no futuro. Ainda orientam o contato com os bancos para chegarem a um melhor acordo. "Muitos brasileiros não têm reserva financeira e com a falta de entrada de dinheiro dentro de casa, a situação vai apertar. Importante é avaliar este momento e também pensar na saúde financeira do bolso e toda a família", finaliza Domingos.