A aposentada Maria Isabel de Jesus ficou na fila 15 horas para regularizar o CPF da filha, Alexandra - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
A aposentada Maria Isabel de Jesus ficou na fila 15 horas para regularizar o CPF da filha, AlexandraReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Anderson Justino

O ministro Onyx Lorenzoni afirmou ontem que o governo deve recorrer da decisão da Justiça que determinou a suspensão da exigência de CPF regular para recebimento do auxílio emergencial de R$ 600. O objetivo é impedir fraudes no período de crise da pandemia da Covid-19. A Caixa Econômica e a Receita Federal receberam o prazo de 48 horas para deixar de exigir CPF para cadastro do benefício.

O prazo passa a valer assim que a Advocacia Geral da União for notificada. Onyx deixou claro que pediu à AGU que analise a situação. Procurada por O DIA, a AGU não se pronunciou até o fechamento da edição. "Nosso objetivo é impedir que bandidos e espertalhões se beneficiem com o auxílio emergencial. Acredito que a AGU vai recorrer. Toda e qualquer operação no sistema financeiro é baseada na identificação pelo CPF", disse.

A estimativa do governo é que cerca de 70 e 75 milhões de brasileiros recebam o auxílio. Ter o CPF regular é umas das condições para que o trabalhador informal consiga ter acesso ao benefício. O auxilio faz parte do pacote de medidas para aliviar o impacto econômico durante a pandemia.

A decisão que determinou a suspensão a exigência do CPF foi do juiz federal Ilan Presser, relator convocado do TRF 1ª Região. Para o advogado trabalhista Solon Tepedino, a decisão é correta pois segue orientações dos órgãos de Saúde, como Ministério da Saúde e OMS, que pedem que pessoas evitem aglomerações.

"A decisão só passa a valer depois da sua publicação. O judiciário está inclinado a se basear em decisões e orientações científicas. Eu acho que seria ideal que as pessoas aguardassem a publicação para que as agências sejam notificadas e cumpram as medidas", explica.

 

Idosa fica mais de 15h na fila
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Mesmo com a decisão, as filas continuaram ontem. E nem por isso, o cansaço venceu a aposentada Maria Isabel de Jesus, 72. Assim como outros, ela ficou por mais de 15 horas na fila da agência de Madureira para regularizar o CPF da filha Alexandra, ex-moradora de rua. "Perdi minha filha para as drogas por 15 anos e farei tudo para ajudá-la. O tempo que fiquei aqui não é nada", desabafou.
A Receita "informa que não é necessário comparecer às unidades, pois os canais virtuais de atendimento continuam à disposição". 
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 Ontem, um dia depois de viralizar a história do mestre de obras Raimundo Nonato, uma corrente de solidariedade se formou na porta da agência da Receita Federal em Madureira. Moradores da região e bairros vizinhos aproveitaram para distribuir café e lanches para as pessoas que estavam na fila. Morador do bairro Irajá, o pedreiro ficou por mais de 17 horas na fila para conseguir resolver as questões de seu CPF.
O maranhaense, que vive de bicos, foi até a unidade da Receita para resolver a pendência e tentar receber o auxílio emergencial de R$ 600.
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