O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 3,2 pontos e atingiu 99,6 pontos, o maior nível desde maio deste ano - Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 3,2 pontos e atingiu 99,6 pontos, o maior nível desde maio deste anoMarcello Casal Jr. / Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - O distanciamento social provocado pela pandemia da covid-19 afastou 15,7 milhões de pessoas do trabalho e deixou 9,7 milhões de trabalhadores sem remuneração em maio de 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número corresponde a 51,3% das pessoas afastadas do mercado de trabalho e a 11,7% da população ocupada do País, de 84,4 milhões de pessoas no mês passado.
As informações são da primeira divulgação mensal da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid-19 (Pnad Covid-19), criada para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à doença. "Quase 10 milhões de brasileiros ocupados não estão gerando renda e parte expressiva está relacionada à pandemia", disse o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.
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O grupo etário com maior proporção de pessoas afastadas do trabalho foi o de 60 anos ou mais: 27,3%. Os trabalhadores domésticos sem carteira são os mais vulneráveis tiveram o maior porcentual de pessoas afastadas devido à pandemia (33,6%), seguidos pelos empregados do setor público sem carteira (29,8%) e pelos empregados do setor privado sem carteira (22,9%). Em situação mais estável, os empregados domésticos com carteira tiveram só 16,6% de afastamento.
Segundo o IBGE o rendimento efetivo dos trabalhadores caiu, ficando cerca de 18% menor do que o habitualmente recebido. O rendimento habitual de todos os trabalhos no País ficou, em média, em R$ 2.320 e o efetivo em R$ 1.899, ou seja, o efetivo representava 81,8% do habitualmente recebido. Já a massa de rendimento médio - ou seja, quanto todos os ocupados recebem juntos - ficou em R$ 192,9 bilhões em maio.
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"A massa de rendimento inferior a R$ 200 bilhões preocupa, porque você vai ter menos dinheiro de mercado de trabalho circulando e isso pode trazer um ciclo vicioso", alerta Azeredo. Ele destaca que o auxílio emergencial e outros programas de transferência de renda podem minimizar o quadro, mas não resolvem os impactos da pandemia no mercado de trabalho.
Em maio, havia 75,4 milhões de pessoas fora da força de trabalho no Brasil (isto é, não estavam trabalhando nem procuravam por trabalho), das quais 34,9% não procuraram trabalho, mas gostariam de trabalhar. Ao responder a pesquisa, 28,6 milhões de pessoas disseram que não procuraram emprego por causa da pandemia.
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Somando a população fora da força que gostaria de trabalhar, mas que não procurou trabalho, com a população desocupada, foram 36,4 milhões de pessoas pressionando o mercado de trabalho, segundo o IBGE.
Trabalho remoto
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A Pnad Covid-19 também mostra que o nível superior predomina entre os 8,7 milhões de trabalhadores atuando em regime remoto (home office) no País durante a pandemia. De acordo com o instituto, em maio 38,3% das pessoas nesse regime tinham nível superior completo ou pós-graduação. Apenas 0,6% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto estavam trabalhando em casa em maio.
"Isso mostra que o trabalho remoto é possível sim, mas tem limitações. E no Brasil isso está muito relacionado à escolaridade", diz Azeredo.
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Com um contingente de pessoas 10,1 milhões de desempregados em maio, o País atingiu taxa de desocupação de 10,7% no mês. A pesquisa revela que a desocupação é maior nas regiões Norte (11%) e Nordeste (11,2%), e que mulheres e pessoas pretas ou pardas sofrem mais com o desemprego que homens e brancos.