Cartão de crédito tem uma das taxas mais elevadas oferecidas - Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Cartão de crédito tem uma das taxas mais elevadas oferecidasMarcello Casal Jr / Agência Brasil
Por Marina Cardoso
Brasil - A Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) informou nesta terça-feira que as taxas de juros das operações de crédito para pessoas físicas voltaram a cair em outubro. Com isso, esta foi a sétima redução consecutiva das taxas. A queda é proporcionada pela taxa básica de juros da Selic, que está no patamar mais baixo da história, em 2%. Nesse cenário, especialistas afirmam que o período é atrativo para quem tenta buscar renegociação das dívidas. 
De acordo com o especialista em finanças Alexandre Prado, com a Selic na menor taxa da história, os juros de crédito bancário e imobiliário também sofrem diminuição. "Hoje, está muito mais barato com essa última queda e com a permanência da taxa básica em 2% até o final do ano. Assim, dependendo da linha de crédito, não tenha dúvida que é a hora da pessoa tentar renegociar dívidas", explica ele.
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Neste cenário, há duas possibilidades para os clientes buscarem quitar esses débitos. São elas: trocar as dívidas por de linhas de crédito mais caras por outras com taxas mais baratas ou fazer portabilidade para outro banco com taxas mais vantajosas para eles. 
"A orientação para os clientes liquidarem essas dívidas é buscar com o banco uma troca de dívida de uma linha de crédito mais cara, como cheque especial e cartão de crédito, para uma outra mais barata. Assim, vai estar dentro do que ele consegue pagar e quitar o débito", explica Felipe Nogueira, consultor financeiro.
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Nesta mudança, os clientes tendem a trocar geralmente para o crédito consignado, que apresenta taxas mais em conta. Ao longo prazo, o cliente tem mais possibilidade de sair do vermelho. Já no caso da portabilidade entre bancos, as instituições oferecem ofertas para os clientes migrarem com suas dívidas.
"É importante os clientes entendam a natureza da dívida, se com a portabilidade vai valer a pena, mesmo com a manutenção e taxas dos bancos", explica Prado. 
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Com as dívidas quitadas, o consultor financeiro avalia a importância de se criar um planejamento para que não seja um círculo vicioso na vida dos clientes. "Mais do que nunca, com este ano de pandemia, a gente tem visto o quanto é necessário de criar uma reserva e pensar em um planejamento ao longo do ano", explica Nogueira. 

Queda das seis linhas
A taxa de juros média para pessoa física apresentou uma redução de 0,36% no mês, passando de 5,56% ao mês (91,42% ao ano) em setembro para 5,54% ao mês (90,99% ao ano) em outubro. A taxa é a menor desde agosto de 2013.
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Todas as seis linhas de crédito para pessoas físicas pesquisadas reduziram as taxas de juros no mês (cartão de crédito, cheque especial, juros do comércio, financiamento de veículos, empréstimo pessoal em bancos e financeiras).
No cartão de crédito, houve uma redução de 0,18%, passando de 11,03% ao mês (250,98% ao ano) em setembro para 11,01% ao mês (250,22% ao ano) em outubro. No caso do cheque especial, a Anefac registrou queda de 0,29%, passando de 7,01% ao mês (125,47% ao ano) em setembro para 6,99% ao mês (124,97% ao ano) em outubro. 
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No empréstimo pessoal - bancos, houve uma redução de 0,64%, passando de 3,14% ao mês (44,92% ao ano) em setembro para 3,12% ao mês (44,58% ao ano) em outubro. Enquanto no empréstimo pessoal - financeiras, a queda foi de 0,32%, modificando de 6,18% ao mês (105,36% ao ano) em setembro para 6,16% ao mês (104,89% ao ano) em outubro. 
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas da entidade, as reduções podem ser atribuídas aos seguintes fatores: redução dos depósitos compulsórios promovida pelo Banco Central, operações de crédito com juros baixos e aportes do governo para pagamento das folhas das empresas pequenas e médias, renegociação de dívidas com juros menores e redução de juros para não agravar ainda mais o quadro de inadimplência e solvência das empresas e pessoas físicas.
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Na visão de Oliveira, tendo em vista a piora do cenário econômico, com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, a tendência é que as taxas de juros possam ser elevadas nos próximos meses. “Mas algumas ações do Banco Central podem amenizar estas altas, como redução de impostos, compulsórios e reduções da taxa básica de juros”, diz.
 
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