Aposentados esperam por um alívio no bolso com a entrada do 14º salário  - Armando Paiva
Aposentados esperam por um alívio no bolso com a entrada do 14º salário Armando Paiva
Por MARTHA IMENES
Ao contrário do esperado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a reunião do colégio de líderes do Senado não tratou sobre o abono dos aposentados e pensionistas do INSS, ou 14º salário. "A verdade dos fatos é que é muito difícil que essa matéria seja pautada neste ano. Uma das poucas chances seria uma Medida Provisória sobre o tema", afirma Paulo Paim, que explicou que para isso ocorrer seria preciso que o presidente Jair Bolsonaro editasse uma MP. "Uma canetada de Bolsonaro autorizaria o pagamento do abono dos aposentados", diz Paim. Inclusive sugestões sobre o pagamento foram enviadas ao Planalto pelo Sindicato Nacional dos Aposentados e Idosos (Sindnapi), mas não houve retorno do presidente. Entre elas a de pagamento de um abono único de R$ 1.045 para todos os aposentados, os que ganham o piso ou mais que o mínimo. Mas...

Conforme O DIA tem mostrado, projetos de lei e medida provisória tratam do pagamento do 14º salário para aposentados e pensionistas, mas todos estão engavetados, seja no Senado, seja na Câmara. Para que eles saiam do âmbito do "preto e branco" é preciso que os presidentes das duas Casas (Câmara e Senado) coloquem em discussão nos plenários.

Procurada, a assessoria do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou que não está prevista a colocação do 14º dos aposentados em pauta na Câmara. E acrescentou que "em nenhum momento isso foi colocado com promessa de pauta".

O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Idosos (Sindnapi), João Batista Inocentini, contou ao jornal O DIA que tem tentado se reunir com Bolsonaro mas que não tem tido sucesso. "Ele não quer nem ouvir falar de 14º de aposentados", reclama Inocentini.
"Chegamos a enviar um documento sugerindo ao presidente Bolsonaro que fosse pago um salário mínimo (R$ 1.045) para todos os aposentados e pensionistas para, pelo menos, ajudar neste final de ano. Mas não tivemos resposta", finaliza.

É importante destacar que a maioria (80%) dos aposentados e pensionistas do INSS recebe o piso nacional, que hoje equivale a R$ 1.045.

Pressão nos gabinetes
Enquanto nem Bolsonaro, nem Maia tratam do assunto. O abono emergencial de Natal, ou 14º salário, para aposentados e pensionistas do INSS ganha força em Brasília: o deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ), que era contrário ao pagamento do abono, agora já é favorável, e o relator da Medida Provisória 1006, Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM), também é a favor do 14º.

"Estamos na expectativa de conseguir uma reunião com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e com o presidente do INSS, Leonardo Rolim, para mostrar a importância do pagamento do abono", contou ao jornal O DIA Felipe Brito, que está em Brasília para sensibilizar os parlamentares sobre a questão de aposentados e pensionistas do INSS.

"O aposentado lutou pelo nosso país por 30, 35 anos e ganha um salário muito baixo. Cerca de 80% recebe um salário mínimo e quando e se aposenta seu custo aumenta. E agora na pandemia ele está sustentando sua família. Então está na hora de darmos nossa contrapartida", afirmou Capitão Neto.

Cabe destacar que a MP enviada pelo Executivo trata do aumento da margem consignável dos aposentados, mas recebeu emendas e uma delas é justamente o 14º salário de aposentados.

"Nós vamos lutar por esse 14º salário e percorrer todos os gabinetes para alcançar essa vitória", disse o relator da medida. E acrescentou: "A vitória não é só para aposentado, é para o Brasil, porque os aposentados nesse período de pandemia estão sustentando a sua família, ajudado netos, aberto negócios, tem movimentado o comércio do bairro e de cidades pequenas. O aposentado ajudou o país nesse momento grave, e teve seu 13º antecipado para ajudar a economia do país nesse momento de crise, então o 14º salário é justo".

"Vamos continuar pressionando o presidente da Câmara para que ele paute a MP 1006 ainda este ano para garantir este direito ao aposentado", finalizou o parlamentar.