Ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco - Fernando Frazão/Agência Brasil
Ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello BrancoFernando Frazão/Agência Brasil
Por iG - Economia

São Paulo - Na manhã desta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmando que ele "está em casa sem trabalhar" há onze meses e que a produtividade na estatal é "diferenciada". Ele afirmou que a política da empresa visa antender "alguns grupos" do Brasil, e deixa mercado financeiro "muito feliz". Bolsonaro também afastou de si as críticas relacionadas ao desempenho fraco da economia, colocando a culpa em governadores e prefeitos que fecharam o comércio.

Os choques entre Bolsonaro e a Petrobras ganharam novos contornos na última semana depois do anúncio de reajustes nos preços da gasolina e do diesel. Depois de avisar que faria mudanças, o presidente da República anunciou na última sexta-feira a indicação de Joaquim Silva e Luna para a presidência da companhia. A escolha do governo ainda precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras. O mandato de Castello Branco se encerra apenas em 20 de março.

Sobre o fim do mandato Bolsonaro disse ser sua responsabilidade a recondução ao cargo. “Dia 20 de março encerra a vigência do mandato do atual presidente. É direito meu reconduzir ou não, ele não será reconduzido, qual o problema?”

"O atual presidente da Petrobrás está há 11 meses em casa, sem trabalhar, né?", disse Bolsonaro, fazendo referência ao trabalho remoto adotado por alguns funcionários da empresa, medida para evitar o contágio por coronavírus. "Trabalha de forma remota, isso pra mim é inadmissível. Imagina eu presidente em casa aqui o tempo todo no Alvorada?” questionou Bolsonaro e acrescentou que "o chefe tem que estar na frente".

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Bolsonaro disse ainda que a produtividade da estatal não estava satisfatória. "Inclusive, o ritmo de trabalho de muitos servidores lá está diferenciado. Ninguém quer perseguir servidores, eles tem que ser valorizados."

Além disso, ele ainda reclamou dos salários da estatal. "Sabe quanto ganha um presidente da Petrobrás? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Tem coisa que não está certa. E para ficar em casa. Pode estar fazendo um bom trabalho em casa, mas, no meu entender, não justifica."

Críticas sobre a economia

"Querem me culpar pela inflação dos alimentos. Questão o preço de muita coisa, em especial a alimentação; o desemprego também querem culpar a mim", diz Bolsonaro. 

Ele atribuiu a culpa dessses problemas ao isolamento adotado por prefeitos e governadores para prevenir a contaminação em massa pelo coronavírus. "Quem fechou o comércio não fui eu", disse Bolsonaro. "O efeito colateral do combate ao vírus causa mais mortes." 

Aumento no preço dos combustíveis

Segundo Bolsonaro, o aumento no preço da gasolina e do diesel foi incompatível com os preços internacionais. “Não consigo entender ter um reajuste de 15% em duas semanas, não foi essa a reavaliação do dólar aqui dentro, nem no preço do barril lá fora. Tem coisa que precisa ser explicada". 

O presidente negou ainda qualquer interferência nos preços "Baixou o preço do combustível? Ou tá valendo o mesmo percentual? Como é que houve interferência?", disse ele.

Bolsonaro afirmou ainda querer apenas "transparência e previsibilidade" da estatal. 

Redução nos preços

Ele afirmou que seria possível diminuir o preço dos combustíveis em "mais de 10%", mas não "na canetada". Bolsonaro, então, citou fraude e adulteração de combustíveis, a margem de lucro das distribuidora, os ganhos dos donos de postos de combustíveis e o valor do impostos.

"Quando você ‘bota’ 30 litros, não sabe se a gasolina tá batizada, se entrou os 30 litros, a margem de lucro das distribuidoras, os ganhos dos postos, o valor dos impostos. Você não sabe.” 

Na conversa, Bolsonaro disse que a nova política de empresa não buscará mais priorizar o mercado financeiro. "O pretóleo é nosso ou de um pequeno grupo no Brasil?", questionou o presidente. 

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