Economistas e banqueiros estimam que atraso na vacinação custará R$ 131,4 bilhões em 2021
Economistas e banqueiros estimam que atraso na vacinação custará R$ 131,4 bilhões em 2021Divulgação
Por O Dia*
Em uma carta aberta, banqueiros, economistas e empresários projetam que "o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em dois trimestres". O manifesto, que cobra medidas efetivas de combate à pandemia, será enviado nesta semana ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A carta explicita que, para os seus apoiadores, não existe a dicotomia entre abrir a economia ou priorizar a saúde: sem vacinação rápida e outras medidas de combate efetivo à pandemia, não haverá recuperação econômica - empresas fecharão e ainda mais empregos serão eliminados. Uma das medidas sugeridas é que seja estudado o lockdown, cuja adoção foi efetiva em diferentes países.
Entre os signatários, estão os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan, Marcílio Marques Moreira, Maílson da Nóbrega e Ruben Ricupero; e os ex-presidentes do BC Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Persio Arida, Ilan Goldfajn e Affonso Celso Pastore. Também aparecem os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles (co-presidentes do conselho do Itaú Unibanco) e o presidente do Credit Suisse no País, José Olympio Pereira.

Empresários como Pedro Passos, da Natura, e Horacio Lafer Piva, da Klabin, também aderiram ao texto, bem como nomes do mundo financeiro como Fersen Lambranho, da GP Investments, e Luís Stuhlberger, da Verde Asset.

Ao classificar a situação social como "desoladora", eles alertam para a perspectiva de agravamento das condições econômicas do País. Dizem que a piora não se dá por ausência de recursos, mas pela falta de prioridade à vacinação. Pedem e detalham alternativas em quatro pontos: aceleração do ritmo de vacinação; incentivo ao uso e distribuição de máscaras; implementação de medidas de distanciamento social locais, com coordenação nacional; e criação de mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional.

"Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica nas ações para lidar com a pandemia", diz trecho da carta, intitulada "O País exige respeito; a vida necessita da ciência e do bom governo".
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Lockdown

Sobre a adoção do lockdown, os economistas citam a experiência de outros países, como o Reino Unido, que adotaram a medida com o agravamento da pandemia.

"A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração", argumentam.

Entre outros alertas, ele dizem que, com 40% da força de trabalho do País ganhando a vida de maneira informal e sem qualquer proteção contra o desemprego, é preciso agir. Uma das sugestões é a reforma no sistema de proteção social que proveria seguro aos informais. Uma proposta nesse sentido, patrocinada pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), foi encaminhada ao Congresso no fim do ano passado.

Outra medida diz respeito ao apoio a pequenas e médias empresas. "O aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios na pandemia amplifica essa necessidade", escrevem. Eles também falam da importância da retomada de linhas de crédito entre a segunda onda e o pós-crise.

Todos os itens são acompanhados de indicações bibliográficas na carta.

"Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas", escrevem.
*Com informações Estadão Conteúdo
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