Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC, terá muitos desafios pela frente. O principal: quebrar barreirasAFP
Por MARTHA IMENES
Publicado 01/03/2021 07:00 | Atualizado 01/03/2021 18:04

A semana começa com um chamado às mulheres, que daqui a uma semana vão celebrar o Dia Internacional da Mulher. O 8 de março - nunca é demais relembrar - foi escolhido para ressaltar as conquistas das mulheres, que não foram e não são fáceis. Contudo, ao contrário do que fica no imaginário, esse dia não é de "festa", é de luta por igualdade de condições de trabalho, como remuneração equivalente ao cargo ocupado, independentemente do gênero, por espaço nas fileiras acadêmicas, nas empresas, no empreendedorismo, e na vida.

Nesse contexto tão adverso, uma mulher em especial chamou atenção há poucos dias por conseguir transpor uma das barreiras mais cruéis que existe, a do racismo: a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, de 66 anos, é a primeira mulher, e nascida na África, a ocupar a diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Seu mandato vai até 31 de agosto de 2025, data que poderá ser estendida. E na esteira da nova diretora-geral, O DIA buscou histórias inspiradoras para as mulheres olharem o horizonte com um pouco mais de otimismo e para mostrar que representatividade importa.

Além da importância das desigualdades econômicas, outras pautas devem ganhar mais espaço na gestão da nigeriana. "Ela (Ngozi) já sinalizou que defenderá uma maior participação das mulheres no comércio global e que buscará um aumento da fatia de pequenas e médias empresas no comércio, já que pequenas e médias empresas (PMEs) são a maioria das empresas no mundo. Outro ponto importante é que dará mais espaço a pautas de tecnologia, um tema com o qual a OMC tem um histórico de dificuldades em lidar", avalia Karla Borges, professora de Relações Internacionais da ESPM-SP.

"Ela é experiente e preparada para a função e a sua indicação traria mais credibilidade e legitimidade para a instituição. Uma das suas marcas como diretora do Banco Mundial e como ministra na Nigéria é a sua capacidade de enfrentamento de temas econômicos e comerciais complexos. Além disso, o fato de ser africana traz uma nova ótica para a OMC, na qual a pauta das desigualdades globais terá centralidade", acrescenta Karla.

Desafios pela frente

A nova diretora-geral da OMC é conhecida por enfrentar problemas aparentemente insolúveis. À frente da organização, ela terá muito com que se ocupar na entidade comercial mesmo sem Donald Trump, que ameaçou retirar os Estados Unidos da OMC, se a nigeriana assumisse o cargo. Por isso a substituta do antigo diretor, o brasileiro Roberto Azevêdo, demorou 9 meses.

Como diretora-geral, uma posição que concede poder formal limitado, ela precisará intermediar tratativas comerciais internacionais perante um conflito persistente entre Estados Unidos e China, reagir à pressão pela reforma das regras comerciais e se contrapor ao protecionismo acentuado pela pandemia de covid-19.

No discurso feito na OMC após a vitória, Ngozi Okonjo-Iweala disse que fechar um acordo comercial na próxima grande reunião ministerial será uma "das maiores prioridades", e também exortou os membros da organização a rejeitarem o nacionalismo da vacina, de acordo com um delegado presente à reunião fechada, que foi realizada virtualmente. No mesmo discurso, ela descreveu os desafios que a entidade enfrenta como "numerosos e traiçoeiros, mas não insuperáveis".

 

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A jovem Larissa Cristina Barcellos de Almeida, 20 anos, de Rocha Miranda, na Zona Norte, "se vira nos 30", para complementar o que recebe de salário em uma empresa de recrutamento. Ela conta que desde os 15 anos faz unhas, trufas, tranças e pega outros trabalhos por fora, inclusive churrasquinho! "Atualmente trabalho em uma empresa que inclui jovem aprendiz no mercado, fora isso, eu sou trancista e trabalho com vendas pelas redes sociais", explica.
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Mas o seu sonho mesmo é ter uma loja de roupas, confidenciou a O DIA. "Hoje eu vendo as peças pelo Instagram", diz a jovem. "Com esses trabalhos aqui e ali, além do meu fixo com carteira assinada, estou conseguindo pagar minha faculdade", diz Larissa, que vem de origem humilde e dá um show versatilidade.
Quem quiser dar uma força para Larissa garantir mais alguma grana para pagar a faculdade de Gestão de Recursos Humanos, é só dar uma chegada na página da moça em https://www.instagram.com/lbmoda_s/.
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Para a empreendedora uma mulher ocupar a diretoria-geral da OMC vai além da ocupação de um cargo importante e de visibilidade mundial.
"(A posse de Ngozi) Representa muito mais do que uma posição, representa a voz das mulheres, finalmente estamos ocupando espaços e cargos que deveríamos ter alcançado e chegado há muito tempo, se não fossem o preconceito e a falta de confiança por sermos mulheres. A escolha representa a liberdade, motivação e sim podemos todas as coisas porque somos mulheres! É nisso que eu acredito e essa notícia me deixa muito feliz e motivada!", conta Larissa.
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