Publicado 03/03/2021 11:11
Rio - O Produto Interno Bruto (PIB) do país avançou 3,2% no quarto trimestre de 2020, mas encerrou o ano com queda de 4,1%, totalizando R$ 7,4 trilhões. É o maior recuo anual da série iniciada em 1996. Essa queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o economista e professor do Ibmec RJ Gilberto Braga, o recuo do PIB representa que o ano e a década fechados em 2020 foram perdidos. "Em 10 anos, o PIB, ou seja, a riqueza do país como fruto de todo o esforço produtivo de trabalhadores e empresas, aumentou apenas 0,3%. Os economistas estimam que o país deveria crescer a uma média de 3% ao ano para gerar prosperidade, emprego e distribuir renda", pontua.
"Um PIB negativo como a queda de 4,1% em 2020 representa desestímulo para os investimentos em novos negócios, o que se reflete em desemprego por conta da baixa circulação de recursos na Economia", analisa Braga. O especialista esclarece ainda que os efeitos da covid-19 permanecem afetando a Economia, "por causa do avanço tímido da imunização da população, o que prejudica o funcionamento das atividades de consumo e de produção".
Devido ao contexto de crise econômica, Braga aconselha que os consumidores tenham cautela com os gastos: "É necessário rever hábitos de consumo para ser mais comedido com os excessos, aproveitar que os juros caíram para fazer acordos e liquidar dívidas antigas. Só gastar o que for necessário, investir somente se identificar um grande retorno e evitar apostas arriscadas", orienta.
Expectativas para 2021
Para o economista, "os meses de janeiro e fevereiro mostram uma certa desaceleração da atividade econômica, em boa parte, devido ao fim do pagamento da ajuda emergencial". Ele estima que o primeiro trimestre deste ano deve fechar com o PIB ligeiramente negativo, "revertendo o crescimento de 3,26% do último trimestre de 2020".
Na avaliação de Braga, 2021 deve encerrar com um crescimento do PIB ao redor de 3,3 % a 3,5%. "Ou seja, haverá um avanço, mais ainda insuficiente para compensar a queda de 4,1% de 2020. Isso significa que a situação ainda não melhorará para a maioria da população, que o desemprego de uma forma geral vai cair pouco. Por isso, a atitude recomendada deve ser de cautela com as finanças e com o emprego".
Recessão
Para o Brasil superar a recessão econômica, o especialista pondera que a solução é o investimento em compra ou produção de vacinas, "que é solução conhecida para a pandemia da covid-19". "Sem imunização coletiva, a Economia não funciona em plena capacidade, não faz o dinheiro circular e fica limitada na geração de empregos", indica.
Ele lembra ainda sobre a importância do retorno do auxílio emergencial, concedido pelo governo federal entre abril e dezembro do ano passado. "Em outra frente, há a necessidade da retomada do pagamento da ajuda emergencial para a população brasileira carente financeiramente, até podermos atingir níveis mais robustos de funcionamento da Economia".
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