Publicado 03/11/2021 12:29 | Atualizado 03/11/2021 12:29
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 3, que mudanças climáticas afetam a política monetária de maneira "pesada". Ele citou o efeito de ondas de calor, geadas e outros eventos climáticos que impactaram a cadeia de suprimentos nos preços. "Os riscos climáticos e ambientais afetam inflação, que é nosso primeiro mandato".
Campos Neto ainda ressaltou que os riscos climáticos afetam o outro mandado do BC, o de estabilidade do sistema financeiro, com impactos, por exemplo, no balanço dos bancos e no que eles financiam. "Mais e mais BCs fazem testes de estresse que incluem climáticos."
O presidente do BC mencionou ainda que o Brasil está atingindo uma terceira fase da agenda verde, a de finança ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Segundo Campos Neto, há conversas com outros BCs e desejo de estar na fronteira das finanças verdes. "O fluxo de dinheiro ao redor do mundo está procurando oportunidades ESG".
O presidente do BC citou também que o Brasil faz bem investimentos em energia renovável e na produção sustentável de alimentos. Campos Neto profere nesta quarta-feira palestra sobre a "Agenda de Sustentabilidade do Banco Central", por videoconferência, em evento do Pavilhão Brasil da COP-26.
Energia e economia verde
Roberto Campos Neto também afirmou que os bancos centrais estão lidando com o deslocamento da demanda para bens, que tem sido mais persistente, e eleva o uso de energia em vários países, já que a produção de bens usa mais energia que serviços. Ele ainda destacou que esse aumento da demanda por energia ligada ao avanço de consumo de bens coincide com a mudança de política dos países para uma economia mais verde. "A transição para ser mais verde será mais difícil do que esperávamos."
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