Benefício foi criado no ano passado para diminuir os impactos socioeconômicos da pandemia entre os trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregadosMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Publicado 19/11/2021 12:16 | Atualizado 19/11/2021 13:13
Rio - O pagamento do auxílio emergencial possibilitou que aumentasse de 0,7%, em 2019, para 23,7%, em 2020, a quantidade de famílias em que há pessoas recebendo outros programas sociais. Os dados da PNAD Contínua 2020: Rendimento de todas as fontes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para a relevância do benefício criado no ano passado para diminuir os impactos socioeconômicos da pandemia entre os trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados.
Também nesse período, a proporção de lares que recebiam Bolsa Família caiu de 14,3% para 7,2%. De acordo com a analista da pesquisa, Alessandra Scalioni, essa redução se deve à parte dos beneficiários do programa que passou a receber o Auxílio Emergencial. “Se um beneficiário do Bolsa Família recebia um valor menor do que Auxílio Emergencial, ele passava a receber esse auxílio. Então houve uma migração de pessoas que recebiam Bolsa Família para a rubrica do Auxílio Emergencial”, explicou.
O percentual de domicílios que recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), destinado às pessoas com deficiência e aos idosos que não têm meios para se sustentar, passou de 3,5% para 3,1% nesse mesmo intervalo de tempo. A presença desse benefício era maior nos domicílios do Norte (5,0%) e do Nordeste (4,5%), assim como a do Bolsa Família: 12,9% e 14,2%, respectivamente. Cerca de 32,2% dos domicílios do Norte e 34% do Nordeste recebiam rendimento de outros programas sociais, principalmente Auxílio emergencial.

“Historicamente, Norte e Nordeste sempre receberam mais Bolsa Família e outros programas sociais do que as outras regiões. Além disso, as ocupações das duas regiões estão mais ligadas aos setores de serviços e comércio e, durante a pandemia, foram esses segmentos que dependem de clientes que mais sofreram. Então elas tiveram o mercado de trabalho muito afetado”, afirmou a pesquisadora.
Rendimento domiciliar per capita cai 4,3% em 2020

Em 2020, o rendimento médio mensal real domiciliar por pessoa foi de R$ 1.349, o que representa uma queda de 4,3% frente ao estimado no ano anterior, quando o registro foi de R$ 1.410. As únicas regiões que tiveram aumento nesse valor foram Norte (R$896) e Nordeste (R$891) e, apesar disso, se mantiveram com os menores rendimentos. O maior era do Sudeste (R$1.623), seguido do Sul (R$1.597).

Nos domicílios em que havia moradores beneficiários do Bolsa Família, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$379 em 2020. Para os que recebiam o BPC-LOAS, esse rendimento foi de R$792 e, para aqueles que recebiam outros programas sociais, de R$772. Esse último, que inclui os domicílios que receberam Auxílio Emergencial, cresceu 12,2% na comparação com o ano anterior.

“Só os outros rendimentos tiveram ganho de renda média nesse período. O rendimento médio domiciliar per capita caiu porque as fontes de renda, em si, caíram. Ainda que a renda do trabalho tenha subido, há menos pessoas ganhando esse rendimento, porque houve uma queda na ocupação de 8,1 milhões de pessoas entre 2019 e 2020”, disse Alessandra.

As pessoas que faziam parte do 1% da população com rendimentos mais elevados tinham rendimento domiciliar per capita de R$15.816. Esse valor é 34,9 vezes o rendimento da metade da população com os menores rendimentos (R$453). Em 2019, essa diferença foi a maior da série histórica (40 vezes).
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