Mesmo no inverno, Davison Fernandes vende caipirinhas na praia
 - Maíra Coelho
Mesmo no inverno, Davison Fernandes vende caipirinhas na praia Maíra Coelho
Por RENAN SCHUINDT

A caipirinha, preferência nacional nos bares e estabelecimentos comerciais, também aparece no topo da lista dos produtos com maior tributação no país. Um levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) aponta que cerca de 76% do valor da bebida tipicamente brasileira é destinado ao pagamento de impostos durante a Copa do Mundo. Os fogos de artifício, com 61%, está em segundo lugar na lista. A cerveja aparece no terceiro posto, com 55%. 

 

Mas nem o preço salgado somado à eliminação precoce da seleção brasileira no Mundial é capaz de deixar um gosto amargo para os consumidores. No Rio, um dos principais pontos de venda da caipirinha é a Lapa, uma das regiões mais boêmias da cidade. A variação de preço é entre R$ 5 e R$ 18. "A gente costuma comprar caipirinha sempre na mesma barraquinha. Poderia ser mais barato", diz Ana Beatriz, que estava acompanhada de um grupo de amigos enquanto assistia ao jogo entre Brasil e Bélgica, na semana passada.

Caipirinha está no topo da lista dos itens com maior tributação. Cerveja também aparece - Texas de Brazil/Facebook

Próximo aos Arcos, a calçada de um posto de gasolina já é conhecida como o point da bebida. Pelo menos seis ambulantes comercializam a caipirinha lá. Mas não são os gringos que costumam fazer parte da clientela deles. "O fluxo aumenta na sexta-feira. Mas os turistas preferem comprar nos bares. Já os cariocas compram aqui mesmo com a gente. Eles sabem que é mais barato", argumenta o ambulante Daniel da Silva.

PRAIA E SOL

Apesar do inverno, a praia também é um dos locais onde a caipirinha é bastante consumida. Nas areias de Ipanema, Deivison Fernandes carrega uma bandeja com pelo menos três sabores diferentes: maracujá, melancia e limão, a mais vendida. Enquanto a carreira de cantor de funk não decola, o vendedor que também se identifica como MC Kamaro diz que as vendas estão boas. E, apesar da alta taxa de impostos, os clientes não deixam de comprar. "Não se compara ao verão, mas o movimento está muito bom. Caipirinha é um produto que vende o ano todo. Mas é claro que se fosse mais barato a gente venderia mais", garante.

Nos quiosques, a média de preço varia entre R$ 10 e R$ 15. Já nos restaurantes da Zona Sul, a variação é de R$ 10 e R$ 25, dependendo do sabor e dos ingredientes. "O que mais onera é a incidência conjunta do ICMS com o IPI, pois os dois impostos possuem altas taxas. E, por isso, vão pesar mais no bolso. O brasileiro é um dos povos que mais pagam impostos. E um dos que menos veem os valores revertidos em serviços públicos", explica Alencar Burti, presidente da ACSP e responsável pelo estudo.

COISA NOSSA

Em 2003, o decreto de Lei 4.851 garantiu a propriedade intelectual da caipirinha e da cachaça. Segundo historiadores, a bebida foi criada como receita popular feita com limão, alho e mel, para doentes da gripe espanhola. A cachaça, que era usada em remédios caseiros, substituiu o alho e o mel. Depois, acrescentaram açúcar e gelo.

A LISTA DO IMPOSTÔMETRO

Na relação dos itens com as maiores cargas tributárias durante a Copa do Mundo publicada pela ACSP, aparecem outros 14 produtos. Em 4º lugar, está a bola de futebol (48%), seguido por refrigerante (46%), buzina (45%) e televisor (44%). Em 8º lugar, ficou o álbum de figurinhas da Copa, com 43% de impostos embutidos no preço final. Em seguida, o salgadinho, com 37%. Nem a bandeira do Brasil ficou fora da lista, com carga tributária de 36%, empatada com chuteira e tinta. Pipoca, camisa da seleção, balão de festa e corneta ficam com 34%. A carne aparece em último, com carga tributária de 29%.

Você pode gostar
Comentários