Por luana.benedito

Rio - Faltam duas semanas para a Páscoa, mas a grande procura por ovos de chocolate fez com que os lojistas intensificassem a contratação de temporários nos últimos dias. Um levantamento da Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) prevê a contratação de 50 mil pessoas. Apesar do número elevado, a estimativa revela uma queda de 9% em comparação ao ano passado e pouca chance de efetivação. De acordo com a pesquisa, apenas 18% das empresas têm intenção de contratar os temporários.

A autônoma Andrea Regina Braga, de 40 anos, faz parte dessa estatística. Contratada na segunda-feira como promotora, passou a abastecer lojas em Botafogo e Laranjeiras com barras de chocolate, aproveitando o aumento da procura por esse tipo de produto. Contratada para serviços temporários por uma agência nos últimos dois anos, ela ainda tem a esperança de contrariar as previsões. “Consigo me sustentar graças a esses serviços temporários. Mas a minha esperança é que esse serviço se torne fixo, para ter mais estabilidade”, argumenta.

Apesar do número elevado de funcionários temporários contratados neste ano%2C a estimativa revela uma queda de 9% em comparação ao ano passado e pouca chance de efetivaçãoDivulgação

Esse também é o caso de Ronaldo Dalmasso, 31 anos, contratado como promotor de merchandising por duas semanas. “A gente sempre fala: com um trabalho bem feito, sempre há a chance de ser chamado novamente. A maior procura é pelo temporário. Mas sempre pode surgir uma vaga efetiva”, analisa. Nos próximos dias, será o responsável pela manutenção de ovos e barras de chocolate em seis lojas na Zona Oeste. Experiência, ele tem de sobra. No fim do ano passado, em meio a um corte de pessoal devido à crise, Ronaldo foi demitido de uma multinacional de refrigerantes, onde fazia exatamente o abastecimento de produtos em lojas na Região Serrana.

O promotor João Medeiros de Lima, de 39 anos, encara o serviço temporário na Páscoa como uma nova oportunidade de voltar a trabalhar, depois de ser demitido por contenção de despesas, em dezembro do ano passado. “Você está fora do mercado. De repente, aparecem oportunidades para outros serviços. A Páscoa abre as portas, né? Agita o mercado... O trabalho é temporário, mas ajuda a sair do vermelho”, argumenta o profissional, como quem leva consigo a certeza de que o presente, para quem trabalha na Páscoa, pode ser uma chance de voltar a se posicionar no mercado de trabalho, mesmo em tempos de crise.

Currículo pode fazer a diferença

Vander Morales, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado, acredita que as demissões em meio à crise deixaram uma mão de obra qualificada disponível no mercado, absorvida com a contratação de temporários. “Em picos sazonais como a Páscoa, a indústria do chocolate precisa de mão de obra extra. E, sem tempo ou recursos para o treinamento dos temporários, prefere quem já tenha experiência”, observa.

A professora Solange Pose, do curso de Gestão em RH da Estácio, acredita que a competência pode ajudar o temporário a ser efetivado. “Por mais que o trabalho seja por um período curto e definido, a postura com que você entrega a atividade faz a diferença”, acredita a especialista.

Sergio Dias, consultor do Sebrae, acredita que a retração na contratação de temporários neste ano pode ser o efeito colateral da crise. Mas também prevê efeito positivo, apesar das chances remotas de efetivação. “A proximidade entre a Páscoa e o Dia das Mães pode ser benéfica para os temporários, pois estenderia o prazo de contratação”, avalia

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