Por gabriela.mattos
Transtornos mentais estão entre as três maiores causas de incapacidade para o trabalho no país entre 2012 e 2016Arte O Dia

Rio - Os transtornos mentais e comportamentais são apontados como a terceira causa de incapacidade para o trabalho no país. As duas primeiras são lesões por envenenamento e doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo. O levantamento, feito em parceria entre o Ministério do Trabalho e a secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, leva em consideração o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez entre 2012 e 2016.

Por ano, há cerca de 17,5 mil novos casos, o equivalente a dois trabalhadores afastados após o diagnóstico no Brasil. Os dados constam no boletim quadrimestral sobre benefícios por incapacidade, produzido pelos ministérios do governo federal.

O estudo trata do adoecimento mental e trabalho, abordando a concessão de benefícios por incapacidade relacionados a transtornos mentais e comportamentais. Segundo a pesquisa, os benefícios por incapacidade temporária para o trabalho chegaram a 7.168.633 entre 2012 e o ano passado para o segurado empregado. Em média, foram quase 1,5 milhão de benefícios por ano.

As aposentadorias por invalidez, que retiram o trabalhador definitivamente da vida laboral, chegaram a 283.423 casos no intervalo de cinco anos entre 2012 e 2016. “Esses indicadores têm sido observados nas diversas atividades da Inspeção do Trabalho, sendo uma preocupação e um desafio para a fiscalização em Segurança e Saúde do Ministério”, afirma o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.

Estresse: Sinal de Alerta

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta o estresse como o primeiro sinal de um problema. “Se o corpo experimenta uma tensão contínua, o estresse pode causar alterações agudas e crônicas, o que pode provocar danos de longo prazo a sistemas e órgãos, particularmente se o corpo não consegue descansar e se recuperar”, diz a entidade. Segundo a OIT, o estresse ocupa a segunda posição entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho na Europa, afetando cerca de 40 milhões de pessoas.

Ainda de acordo com a entidade, riscos psicossociais, como insegurança no emprego, baixo controle sobre a atividade, altas remandas e desequilíbrio entre esforço e recompensa estão associados a riscos comportamenais que afetam a saúde. Consumo exagerado de bebida alcoólica, fumo e abuso de drogas também contribuem para um diagnóstico de transtorno mental.

Assédio moral ‘institucional’

A publicação do Ministério e da Previdência cita um estudo sobre o estresse relacionado ao trabalho, publicado pela OIT no ano passado. A pesquisa cita o assédio moral institucionalizado, as relações de autoritarismo e competitividade no ambiente de trabalho, a demanda constante por produtividade e a desvalorização dos trabalhadores como fatores que contribuem para o agravamento do adoecimento mental no trabalho.

Segundo a entidade, trabalhadores de todo o mundo estão sob pressão. “Com a velocidade do trabalho ditada por comunicações instantâneas e altos níveis de competição global, as linhas que separam trabalho e vida pessoal estão se tornando cada vez mais difícil de identificar”, cita a publicação.

A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, introduzida pelo Decreto nº7.602/2011, busca melhorar a qualidade de vida do trabalhador e prevenir acidentes ou danos à saúde relacionados ao trabalho. Instituída em 1971, a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho promove uma cultura de prevenção em acidentes e doenças ocupacionais.

Neste ano, o tema ‘Acidentes do Trabalho – Conhecer para Prevenir’ dá destaque para os transfornos mentais no ambiente de trabalho. A campanha também enfatiza a importância do conhecimento e análise dos dados relacionados a acidentes de trabalho.

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