Por leandro.eiro

Rio - Um grupo de 20 brasileiros está de malas prontas para os Estados Unidos. Eles vão participar do Programa de Bolsa de Estudos Profissionais da Iniciativa Jovens Líderes das Américas (Ylai, sigla em inglês), voltado para jovens empreendedores que, a partir de seus projetos pessoais, conseguem provocar impactos positivos na sociedade. Foram selecionados 250 jovens de 36 países da América Latina e do Caribe, num universo de 4 mil inscritos. O Ylai é uma iniciativa do governo americano, e começa no próximo dia 4. No grupo de brasileiros, há três jovens do Rio de Janeiro. Thais Rosa Pinheiro, de 35 anos, Juliana Brito, de 27, e Thalita Gelenske, de 28 anos, atuam em áreas diferentes, mas têm algo em comum: o conceito de responsabilidade social.

O grupo de brasileiros que vai participar do programa de treinamento nos EUADivulgação

Durante pesquisa de mestrado em Memória Social, Thais Rosa Pinheiro percebeu que havia poucas informações sobre turismo em comunidades quilombolas. Numa delas, em Paraty, conheceu uma história que a marcou. Um jovem do Quilombo do Campinho não tinha interesse em aprender a cultura do próprio local onde foi criado. Mas isso mudou ao perceber a curiosidade de um visitante da mesma idade em fazer os cestos que sua mãe produzia. Em pouco tempo, aprendeu a técnica passada por gerações e ainda passou a reproduzi-la em oficinas para novos visitantes. "Vi que esse contato contribuiu para melhorar a autoestima desse jovem morador", conta Thais, que lançou o canal 'Conectando territórios' no Youtube.

Quilombo do Grotão Divulgação/ Miguel Pinheiro

Lá, desenvolveu uma agência online de turismo de base comunitária, com destinos para o Vale do Encantado e o Quilombo do Grotão, no Rio, a Ilha de Cotijuba, no Pará, e a comunidade do Remanso, na Bahia. "As excursões aproximam as pessoas da própria história do Brasil. Ainda há geração de renda, pois as comunidades comercializam o que produzem com os visitantes", diz.

Juliana Brito também tem a geração de renda como um dos objetivos do seu projeto: a Workay, plataforma digital para intermediação de serviços de reparos e reformas em geral. A startup conecta clientes a profissionais autônomos, com foco na capacitação de mulheres. Na Workay, são elas que põem a mão na massa. "Por enquanto, elas são assistentes de homens. Por isso, a importância da capacitação que oferecemos a elas. Em breve, queremos ter só mulheres prestando serviço na plataforma", projeta Juliana.

Quilombo do Grotão Divulgação/ Miguel Pinheiro

Ao contrário de Thais e Juliana, Thalita Gelenske inscreveu no Ylai uma proposta de empresa. Depois de atuar em projetos de RH voltados para disseminar a diversidade de gênero nas empresas, ela estruturou a plataforma Blend Edu, que será lançada como produto nos próximos meses. "É um ambiente virtual de educação para debatermos o tema em cursos, eventos com transmissão ao vivo e fóruns", explica Thalita.

Na Workay%2C as mulheres instalam paineis de energia solarDivulgação

Rede de relações

O Programa de Bolsa de Estudos Profissionais da Iniciativa Jovens Líderes (Ylai) foi instituído pelo governo americano em 2016 e tem duração de cinco semanas. Nesta segunda edição, foram contemplados 20 jovens de 11 estados brasileiros: Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Todos eles desenvolvem projetos inovadores ligados a temas como educação, empoderamento feminino, empregabilidade, nutrição, meio ambiente, comunicação, desenvolvimento pessoal de presidiários, marketing digital, turismo, soluções financeiras sustentáveis e projetos habitacionais para a população de baixa renda. Os jovens brasileiros viajam no dia 2 de outubro.

O programa começa com uma conferência em Atlanta, na Geórgia, envolvendo todos os 250 participantes selecionados em 36 países da América Latina e do Caribe. Nas semanas seguintes, os bolsistas serão inseridos nas chamadas empresas anfitriãs, que orientam e supervisionam os participantes em uma série de cursos em empreendedorismo. O treinamento termina com uma reunião em Washington.

Os bolsistas também têm acesso ao 'networking Ylai', um espaço online para obtenção de recursos financeiros e conexões regionais necessárias ao desenvolvimento de seus projetos. A rede de relações funciona como um suporte aos participantes após a conclusão do programa de treinamento. 


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