Por Luiz Fernando Santos Reis*

Rio - Pode parecer estranho, para muitos, o que infraestrutura tem a ver com Educação quando queremos analisar o desempenho de nossas escolas na formação das gerações que podem construir o futuro de nosso país. O Estado do Rio, que já foi protagonista nesta área, hoje ocupa a 18ª posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ibeb).

Estudo feito por professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), sob o título “Desempenho e Infraestrutura: mapeamento das escolas públicas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, analisa como uma boa estrutura física das escolas contribui para o melhor desempenho dos alunos.

E como estão as unidades de ensino em nosso estado? O DIA levantou, em recente matéria, que “sete em cada dez escolas municipais do Rio estão em estado precário”, ou seja, 72,96% do total delas. O cenário não é muito diferente no estado, principalmente em função da crise que atravessamos.

O orçamento do estado prevê R$ 22 bilhões de gastos, em 2019, para atender à Previdência e R$ 7,7 bilhões para a Educação. Do mesmo modo, no Município do Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas do Munícipio (TCM) mostrou que o orçamento da Educação teve queda de 7,11%. Em contrapartida, a prefeitura aumentou em 5,8% os gastos com a Previdência no ano passado em relação ao ano anterior.

A rede estadual possui 1.238 unidades escolares de diversos tipos e atente cerca de 700 mil alunos, o que, considerando o investimento previsto em Educação, significa um gasto de cerca de R$ 900 por mês, por matricula. É importante observar que esse valor deve também contemplar recursos para cobrir os gastos indiretos com toda a estrutura de secretaria, fiscalizações, entre outros.

Na Prefeitura do Rio o cenário é o mesmo: R$ 18,2 bilhões com pessoal e R$ 6,8 bilhões em educação, o que, considerando que a rede municipal atende cerca de 630.000 alunos, dá um gasto R$ 900 por aluno, situação similar à do estado.

A infraestrutura física das unidades escolares – isto é, prédios confortáveis, com instalações compatíveis com as necessidades, salas arejadas e espaçosas (e com ar condicionado), instalações sanitárias decentes, áreas para recreio e Educação Física, entre outros fatores – é algo que contribui de forma decisiva para o bom desempenho do aluno. No entanto, hoje, quer em nível estadual ou municipal, não existem recursos para, no mínimo, a manutenção adequada de nossa rede escolar.

Insuficiência de professores, mal atendimento aos que heroicamente se dedicam a essa sacrificada profissão, escolas caindo aos pedaços: é a nossa realidade! O que podemos esperar de futuro para nossos jovens estudantes?

*Luiz Fernando Santos Reis é presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)

Você pode gostar
Comentários