Alunos serão avaliados com apenas uma nota, de 0 a 10, por matériaDivulgação
Por Natasha Amaral
Publicado 14/10/2020 20:49 | Atualizado 14/10/2020 21:13
Rio - O coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe RJ), Gustavo Miranda, conversou com O DIA sobre a terceira resolução da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), publicada no Diário Oficial desta quarta-feira, que determinou a aprovação automática de alunos em 2020. "A lógica é que não tem como aprovar ou reprovar. O ano, da maneira como foi colocado o ensino remoto, atingindo tão pouca gente, não dá essa capacidade. Não foi passado conteúdo suficiente para poder ter algum tipo de avaliação".
Segundo Miranda, foi defendido junto ao secretário de Educação, Comte Bittencourt, a ideia do 'Ciclo de Aprendizagem'. "O ciclo determina que o período perdido em 2020 vai ser reposto em 2021 e, se for necessário, em 2022. Para isso, o Estado do Rio deverá garantir o 4º ano, para o 3º ano; e também garantir que tenham aulas de manhã e reforço a tarde. É necessário um planejamento que inclua o aumento do tempo do aluno na escola, ampliação na carga de profissionais na escola, seja pela contratação de novos professores ou que alguns façam hora extra".
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No entanto, a resolução publicada hoje revela que o ano letivo de 2020 já não será dividido por bimestre e sim por um único bloco chamado de "Ciclo de Aprendizagem". Contudo, a publicação diz que teve início em fevereiro e terminará em dezembro, onde os alunos serão avaliados com apenas uma nota, de 0 a 10, por matéria, considerando as atividades realizadas ao longo do ano letivo, sejam aulas presenciais, no Google Classroom, videoaulas, ou por meio das apostilas.
"Os professores terão autonomia para avaliar seus alunos, levando em consideração tudo o que o jovem estudou e teve acesso em 2020. Mas, em um ano atípico como esse, não há possibilidade de reprovação. Em 2021, com o retorno total das aulas presenciais, será feito um diagnóstico com cada aluno, para que seja possível estabelecer um itinerário pedagógico e corrigir o déficit nas disciplinas principais", disse o secretário de Educação, Comte Bittencourt.
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Por outro lado, uma professora das redes municipal e estadual, que não quis ser identificada, afirma que a decisão afeta os alunos porque a adesão foi "baixa". "Acho isso muito complicado porque na verdade esse ano a gente não deveria falar em aprovação nem reprovação. Passar os alunos automaticamente é ratificar mais ainda a desigualdade social e a diferença que houve em relação a implementação dessas aulas remotas", disse. "Ensino requer interação, resposta. Na rede estadual apenas 11% dos estudantes inicialmente tiveram acesso a plataforma", completou.
Para a profissional, não houve um ciclo de aprendizagem este ano, ela também questiona a maneira como a aprovação será feita. "Falar em aprovação eu acho uma grande aberração porque sabemos que na maioria das escolas estaduais não houve processo de ensino e aprendizagem, então como você aprova alguém se não proporcionou um processo de aprendizagem para aquela pessoa?", indagou.
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Ainda segundo o coordenador do Sepe, a sociedade tem papel fundamental durante o período de aula remota e nas consequências no ano letivo. "A sociedade precisa ficar atenta para evitar uma aprovação formal, onde aparece no currículo o aprovado mas, na verdade, a pessoa não aprendeu nada", finalizou Gustavo Miranda.