Alckmin foi o terceiro convidado na série de entrevistas do 'Jornal Nacional'João Cotta / TV Globo
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 29/08/2018 23:44 | Atualizado 29/08/2018 23:51

Rio - Na terceira entrevista do "Jornal Nacional" com os presidenciáveis nas eleições 2018, o ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, foi questionado sobre a tolerância do partido com tucanos envolvidos em casos de corrupção e confrontado com as alianças que a sigla fez para chegar ao Palácio do Planalto.

O tucano, que é presidente nacional do PSDB, foi pressionado pelos apresentadores a responder por que não tomou medidas no âmbito partidário contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta prática de corrupção passiva e obstrução de Justiça no caso da delação da J&F, e o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB-MG), preso pelos crimes de peculato (apropriação indevida de bem) e lavagem de dinheiro no caso do mensalão mineiro.

"Aécio não foi condenado. Ele está sendo investigado. Vai responder para a Justiça. Não passamos a mão na cabeça de ninguém. Azeredo já está afastado da política há muito tempo. Vai sair do PSDB. Não precisa nem expulsar", disse o presidenciável.

O âncora William Bonner insistiu no tema e Alckmin respondeu com uma indireta aos petistas que protestam contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato. "Nós não vamos na porta da penitenciária para contestar justiça. Não transformamos réu em vítima."

Aliança com Collor

Os âncoras também questionaram duramente as alianças de Alckmin na campanha e citaram o exemplo do acordo com Fernando Collor (PTC) em Alagoas para constrangê-lo.

O ex-presidente, que sofreu um processo de impeachment em 1992, é candidato ao governo alagoano com apoio do PSDB. "O PTC não me apoia. Ele apoia outro candidato. Não está na minha coligação", respondeu.

Em outro momento, a jornalista Renata Vasconcellos corrigiu a informação e explicou que os tucanos apoiam Collor em Alagoas. William Bonner, por sua vez, citou o ditado popular "Diga com quem andas, e lhe direi quem é" e lembrou que os aliados do Centrão somam 41 investigados na Lava Jato.

Alckmin então repetiu mais uma vez o mantra de que vai governar "com os melhores quadros de todos os partidos" e afirmou que a coligação é importante "porque o Brasil tem pressa" para aprovar reformas.

Caso Dersa

O ex-governador defendeu o ex-diretor presidente da Dersa, Laurence Casagrande, que foi preso por suposto superfaturamento nas obras do Rodoanel, e afirmou que seu ex-auxiliar foi "injustiçado".

Ao ser perguntado sobre a expansão da facção criminosa paulista PCC de dentro do presídio durante seu mandato, Alckmin respondeu com um bordão: "Cana dura. São Paulo prende."

Na Globo News

Na Globo News, tucano foi questionado sobre a participação feminina em um eventual governo seuJoão Cotta / TV Globo

O tucano também concedeu, na noite desta quarta, entrevista ao "Jornal das Dez", na GloboNews. Lá, o presidenciável disse que vai "empoderar" as mulheres e levar o "máximo" delas para a composição de seu eventual governo. Alckmin não deu explicações, no entanto, sobre manter apenas duas secretárias em 25 pastas no final de seu último mandato no governo de São Paulo, em abril.

"A chefe da Casa Militar é uma mulher, a Coronel Helena (dos Santos Reis). Linamara Rizzo Battistella, secretária (dos Direitos) da Pessoa com Deficiência. As duas continuam (no governo do estado, agora comandado por Márcio França, do PSB)", disse Alckmin. "Vamos trazer o máximo de mulheres para o governo, tem muitas mulheres bem preparadas."

O tucano ainda salientou o fato de ter uma candidata a vice, a senadora Ana Amélia (PP-RS). "Vamos empoderar as mulheres no governo. Quando as mulheres são protagonistas, não é só a mulher que é beneficiada, a sociedade como um todo é beneficiada", afirmou.

Alckmin ainda revelou estar estudando uma lei existente na Alemanha que obriga as empresas a tornar públicos os salários pagos a homens e mulheres.

Guarda Nacional

Sobre segurança pública, Alckmin afirmou que a Guarda Nacional que pretende criar terá, inicialmente, entre 5 e 10 mil integrantes. Questionado sobre como financiaria a formação da nova força policial, disse que utilizaria recursos obtidos com privatizações e com o corte de despesas públicas.

Venezuela

Sobre a questão migratória em Roraima, Alckmin defendeu o acolhimento de venezuelanos e a transferência deles para outras partes do Brasil. "O Brasil tem uma tradição humanitária, tem que ajudar, mas não pode ficar tudo em Roraima."

Pesquisas

Mal colocado nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin voltou a dizer que a campanha começa neste fim de semana, com o início da transmissão do horário eleitoral. "Não vou discutir pesquisa porque é impressionante como tem gente que acredita em pesquisa antes da campanha eleitoral. Tem campanha exatamente para convencer o eleitor. O que tem até agora é recall, é olhar para trás".

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