Marcia Tiburi, candidata ao governo pelo PTAlexandre Brum
Por CÁSSIO BRUNO E BEATRIZ PEREZ
Publicado 21/09/2018 03:00

Aos 48 anos, ex-filiada ao psol e formada em Filosofia e Artes, Marcia Tiburi é a entrevistada de hoje na série de O dia com os concorrentes ao governo do Rio. Ela disputa pelo pt e aparece com 3% das intenção de votos nas pesquisas. Na corrida para se eleger, se apresenta na TV, na internet, no rádio e nas ruas como "a candidata do Lula". Segundo ela, se eleita, a prioridade será recuperar a economia do estado e gerar empregos. Diz que vai criar uma política de gestão que torne impossível a corrupção.

ODIA: A senhora é gaúcha. Está há quatro anos no Rio. Nunca ocupou cargo público. Está preparada para governar o estado?

MARCIA TIBURI: Você sabe que teve um conterrâneo meu chamado Brizola que, em 1982, também tinha um percentual de intenção de voto muito baixo, como o meu, que venceu as eleições e foi um dos melhores governadores do Estado do Rio? Então, eu me vejo capaz. Até porque tenho comigo o PT, que tem conhecimento de gestão, de metodologias e tecnologias de gestão.

Como avalia seu desempenho nas pesquisas?

Outros candidatos que estão na frente têm votação grande, e com uma rejeição também grande. No meu caso, há um desconhecimento e há uma pequeníssima rejeição ao meu nome.

O seu programa eleitoral usa a imagem do ex-presidente Lula. Mesmo assim, a senhora não despontou.

Ainda não fizeram a ligação direta entre mim e Lula. Temos candidatos fisiológicos, que já se colocaram dentro do imaginário popular como os coronéis, os donos do Rio. E os eleitores precisam romper com essa política viciada. Nunca fui candidata, sou professora, sou mulher. Têm pessoas que têm dificuldade, inclusive, de entender que eu sou candidata a governadora.

Esse rompimento vale também para o próprio PT? Há episódios recentes em que candidatos do partido estão ao lado de Eduardo Paes (DEM).

O PT, como qualquer outro, é complexo. Os partidos surgem dentro de contextos de cultura política. E essa cultura é dominada por partidos, vamos dizer, o PMDB, que sempre se pôs como dono do estado, como herdeiro da monarquia. Há as viúvas e viúvos do (ex-governador Sérgio) Cabral (do PMDB, preso na Operação Lava Jato) no PT.

Mas a senhora acha que falta engajamento do PT na sua campanha?

Não estou abandonada pelo PT. Lula está do meu lado. O PT nacional está do meu lado. O PT estadual também. O que há são alguns políticos. Estamos em buscas de provas concretas quanto a infidelidade partidária. Se for o caso, serão devidamente punidos.

Como combaterá a corrupção no governo?

Olhar de maneira mais técnica e menos moralista. Ou seja: criar uma política de gestão que torne impossível, ou pelo menos muito difícil, que os funcionários públicos se envolvam com atos corrompidos. Com inteligência e uma gestão transparente para que os cidadãos saibam os atos dos governantes.

Isso não é genérico?

Temos que conhecer o orçamento e os procedimentos licitatórios. Tudo tem de ser explícito. Eu, realmente, acredito em um gabinete digital, um portal totalmente aberto, para que todos os cidadãos possam saber como o governo funciona.

Mas já existe o Portal da Transparência.

O Rio de Janeiro é o segundo estado, de todos os piores, em transparência na gestão. Precisamos melhorar.

A senhora acha que a Lava Jato teve importância no combate à corrupção?

Eu não.

Por quê?

Têm muitas pessoas tanto à direita quanto à esquerda que amam a Lava Jato porque dá uma garantia moral. Mas a que preço? Corrupção é uma coisa que existe nas melhores famílias. É uma questão da cultura brasileira: aquela sonegaçãozinha de imposto que muita gente faz. Devemos combater. Precisamos criar procedimentos administrativos licitatórios abertos para que seja impossível produzir corrupção. A Lava Jato fez o quê? Destruiu o emprego no Brasil.

Mas qual a diferença da Lava Jato que condenou Cabral a mais de cem anos de prisão para a que condenou o Lula?

Lula é perseguido pela Lava Jato. Vocês lembram daquele juiz de Curitiba (Sérgio Moro) que de maneira criminosa vazou o áudio da (ex-presidente) Dilma Rousseff (com Lula)? Em qualquer país, um ato desses é ilícito. O Judiciário perdeu credibilidade.

Qual será a prioridade do seu governo?

Renovar a economia. O Rio tem 1,3 milhão de desempregados. Queremos criar um adensamento das nossas cadeias produtivas, dos nossos complexos que podem ser indutores dessa nova economia. Fazer com que o Estado seja indutor de tal maneira que, investindo em obras de infraestrutura, a gente consiga criar empregos.

Qual medida tomará na área de segurança?

Integrar as polícias e promover ações inteligentes. Investir em inteligência. Ter uma polícia mais de prevenção que de confronto.

Pedirá ajuda às Forças Armadas?

A partir de uma articulação das polícias não vamos precisar. O Exército também é importante. Mas o papel deve ser vigiar as fronteiras.

Na Saúde, faltam médicos e hospitais estão sucateados.

Farei auditoria nas Organizações Sociais. A gente vai usar o SUS e defendê-lo. Precisamos melhorar o sistema de marcação de consultas.

Mas faltam médicos.

Temos uma proposta de criar o Mais Médicos estadual. Médico de família que possa atuar no interior.

Há dinheiro?

Farei um cálculo fiscal para saber. Vou criar fundos. Vamos procurar os bancos, os incentivos, o ICMS que a gente tem que receber, enfim, todo o redesenho do planejamento e do desenvolvimento e da questão fiscal.

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