Por O Dia

Rio - De quatro em quatro anos, o quadro se repete: as eleições legislativas são ofuscadas pelas campanhas do Executivo: a Presidência da República, sobretudo, e o governo estadual. No entanto, pouca coisa pode ilustrar mais a importância do Poder Legislativo do que o fato de que os deputados e senadores cujo mandato se encerra no próximo 31 de janeiro depuseram a chefe de outro Poder: a presidente Dilma Rousseff. Em um quadro que promete turbulências que não serão superadas com as eleições, independente de quem vença, a escolha dos próximos deputados federais e senadores merece mais atenção - sem esquecer, claro, a dos deputados estaduais, até porque os três últimos presidentes da Assembleia do Rio foram ou estão presos.

Cabe ao Legislativo - Senado e Câmara dos Deputados, em Brasília, Assembleia Legislativa na capital fluminense, e Câmara dos Vereadores nos municípios - aprovar ou não as leis propostas pelo próprio Poder, ou ainda pelo Executivo ou o Judiciário, ou até vindas da sociedade, por meio de iniciativa popular.

"A autonomia do Legislativo é absoluta no que diz respeito a aprovações de emendas constitucionais. Só esse Poder muda a Constituição", lembra o cientista político Humberto Dantas, do Centro de Liderança Pública (CLP). Ou seja, caberá ao Poder examinar propostas que podem mexer profundamente com a vida dos cidadãos, como, por exemplo, alterações nas regras do 13º salário.

A lei mais importante que o Legislativo examina é o Orçamento (da União, dos estados e dos municípios). A cada ano, o Executivo envia a proposta, com a previsão de quanto pretende arrecadar e como imagina gastar o dinheiro dos cidadãos. "Cabe ao Legislativo não apenas aprovar esse Orçamento, mas também acompanhar a execução", diz Dantas. A outra vertente do trabalho do Poder é justamente a fiscalização do uso do dinheiro público.

CLIENTELISMO

A compreensão do papel do legislador, lembra Dantas, é o primeiro passo para um voto realmente consciente nos nossos representantes. "É um problema da cultura política brasileira. O eleitor espera que o deputado estadual, deputado federal, ou mesmo o vereador faça pequenos favores pessoais", diz. O fenômeno é chamado clientelismo e favorece candidatos com pouca capacidade de governar o país e que, em momentos de crise, em vez de ajudar, vão atrapalhar os governadores e o presidente. Melhor prestar atenção em quem votamos.

Voto do eleitor vai primeiro para o partido, só depois para o candidato
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Na hora de optar por um candidato a deputado federal ou estadual, é preciso entender que não se está escolhendo apenas um indivíduo, mas também um partido, com postulantes que têm propostas em comum. É por isso que, ao votar em um nome, o eleitor poderá estar ajudando a eleger um outro do mesmo partido ou coligação que, no total, teve mais votos que o da sua preferência.
"Na hora de votar, o partido político conta mais que uma figura isolada. Ainda que o nome pelo qual o eleitor optou não se torne deputado, ele será representado pelo candidato daquele partido que for eleito", diz Humberto Dantas, do Centro de Liderança Pública. "O problema é que as pessoas não acreditam mais nas legendas; o desgaste é grande".
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As eleições para deputado estadual seguem as mesmas regras dos federais. No entanto, a 'personificação' e a troca de favores, é ainda mais presente. "Os parlamentares, representantes, e os representados, os cidadãos, acreditam que é assim que se cumpre um mandato. É uma visão que precisa ser combatida", diz Dantas.
Já a eleição para senador é majoritária - ou seja, ganha a vaga quem tiver mais votos, sem cálculos adicionais. Neste ano, duas das três cadeiras do Estado do Rio no Senado serão renovadas - daqui a quatro anos, será apenas uma. Portanto, cada eleitor pode votar em dois nomes, que se juntarão a Romário na bancada fluminense (ou ao suplente dele, caso o Baixinho vire governador).
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