Caso a pandemia de coronavírus não recue existe a possibilidade de novo adiamento. Medidas de segurança serão tomadas para o pleito - Agência Brasil
Caso a pandemia de coronavírus não recue existe a possibilidade de novo adiamento. Medidas de segurança serão tomadas para o pleitoAgência Brasil
Por O Dia

Rio - Pela terceira vez consecutiva, a apuração dos votos no primeiro turno não bateu, nem de perto, com os números divulgados nas pesquisas bocas de urna pelos principais institutos, como Ibope e DataFolha. A enorme disparidade dos percentuais, especialmente para a presidente e governador, deixou a sensação de desconfiança e colocou em xeque as consultas de opinião.

No sábado, pelo Ibope, Bolsonaro tinha 36% dos votos e Haddad aparecia com 22%. O Datafolha dava 40% ao deputado e 25% ao petista. Mas no final da contagem de votos, Bolsonaro fechou a conta com 46,03% e Haddad com 29,28%. Alckmin (PSDB), que aparecia com 8%, teve apenas 4,76% dos votos no dia seguinte.

No Rio, Wilson Witzel (PSC), o mais votado para o governo, com 41,3% dos votos, tinha, segundo o Ibope, 12% dos votos válidos na última sondagem, e 11%, respectivamente, no DataFolha. Já Eduardo Paes (DEM), que era o apontado como líder das pesquisas com 32%, terminou a corrida com 19,56%. Em Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal, a disparidade entre as pesquisas e as eleições aos candidatos do governo também surpreendeu.

O professor Sérgio Praça, pesquisador do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV-SP, afirma que as eleições deste ano confirmam a "escancarada crise de credibilidade" dos tradicionais institutos de pesquisas, fenômeno que cresceu após inesperada vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. "Houve erros razoáveis nas pesquisas para a campanha de 2014 também e essas discrepâncias são um sinal amarelo para os institutos. Não necessariamente por um caráter malicioso deles, mas os erros na pesquisa eleitoral minam a credibilidade dos institutos".

Já o sociólogo Fábio Gomes defendeu as pesquisas. "Não interpreto o que se passou no primeiro turno como erros. Pelo contrário. Os institutos perceberam movimentações bruscas em suas medições finais". Para o mestre em geopolítica global, Érique Barcellos, as pesquisas deveriam ter mais fiscalização por TRE. "A descrença nas pesquisas também mexe com o fator psicológico do eleitor".

Métodos serão mantidos

Os responsáveis pelo Ibope e DataFolha, por nota, não mencionaram mudanças nos seus métodos de trabalho e se defenderam dos críticos. O Ibope alegou que o objetivo de uma pesquisa eleitoral "não é antecipar os resultados da eleição, mas sim o de mostrar o cenário no momento em que foi realizada".

O Ibope ressaltou ainda não considerar correto comparar o resultado da pesquisa com o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que as pesquisas de boca de urna, próximas ao pleito, teriam captado mudanças importantes no cenário da corrida eleitoral e "apresentado números bem próximos aos do TSE, dentro da margem de erro de três pontos percentuais".

Já o DataFolha argumenta que "a avalanche conservadora que definiu as eleições de domingo ajuda a explicar as diferenças observadas entre as pesquisas eleitorais divulgadas pelos principais institutos na véspera da votação e os resultados das urnas".

"A sociedade moderna já está num 'time' extremamente mais dinâmico, que muda muito, especialmente por influência da mídia", opinou José Maria da Silva, o Zezinho, líder do Movimento pela Ética na Política (MEP).

Você pode gostar
Comentários