Presidente do TSE, ministra Rosa Weber, afirmou que as eleições ocorreram "dentro da mais absoluta normalidade", com "intercorrências próprias e esperadas do processo eleitoral em um país com dimensões continentais" - Reprodução/ TSE
Presidente do TSE, ministra Rosa Weber, afirmou que as eleições ocorreram "dentro da mais absoluta normalidade", com "intercorrências próprias e esperadas do processo eleitoral em um país com dimensões continentais"Reprodução/ TSE
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Brasília - A Polícia Federal informou, nesta sexta-feira, que o coronel da reserva do Exército Antônio Carlos Alves Correia passará a ser monitorado por meio de tornozeleira eletrônica após decisão judicial. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão em endereço ligado a Alves na cidade do Rio de Janeiro. Em vídeo divulgado na internet nesta semana, o militar chamou a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, de "salafrária", "corrupta" e "incompetente".

O mandado foi expedido pela 5.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Federal, o objetivo da medida cautelar foi "investigar ameaças e ofensas, divulgadas em vídeos na internet, a diversas instituições e autoridades da República" Ao cumprir a busca, os agentes da PF apreenderam dispositivos de armazenamento de dados, como computadores e aparelhos celulares.

A Justiça também decidiu pela obrigação do coronel de se manter a pelo menos 5 quilômetros de distância dos ministros do Supremo Tribunal Federal, do TSE e do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.

Procurado, o coronel da reserva não foi encontrado. O Exército afirmou, por meio de nota divulgada na terça-feira, que "o referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento" da Força.

Vídeo

A PF abriu no início da semana inquérito, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para investigar ao menos dois vídeos gravados pelo coronel da reserva em que ele ataca ministros do Supremo e a presidente do TSE. A solicitação da PGR foi feita após a Segunda Turma do STF pedir apuração do caso.

Em um dos vídeos, Alves diz: "Olha aqui, Rosa Weber, não te atreve a ousar aceitar essa afronta contra o povo brasileiro, essa prova indecente do PT de querer tirar (Jair) Bolsonaro do pleito eleitoral, acusando-o de desonestidade, de ser cúmplice numa campanha criminosa fraudulenta com o WhatsApp para promover notícias falsas".

A mensagem se refere à denúncia de que o presidenciável do PSL usaria o aplicativo para distribuir fake news contra o petista Fernando Haddad. "Se aceitarem essa denúncia ridícula e derrubarem Bolsonaro por crime eleitoral, nós vamos aí derrubar vocês aí, sim", disse ele.

O autor do vídeo ainda chamou o STF de tribunal de "canalhas" e de "vagabundos" e afirmou não aceitar um resultado na eleição presidencial que não seja a vitória do candidato do PSL. Alves Correia, segundo a PF, poderá responder pelos crimes de difamação, injúria, constrangimento ilegal, ameaça, além de crimes previstos na Lei de Segurança Nacional (LSN).

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, também pediu ao Ministério Público Militar (MPM) que investigue o vídeo do coronel.

Alves Correia já é alvo de uma investigação no MPM para apurar ofensas disparadas em outros vídeos contra autoridades militares, entre elas Villas Bôas. O procedimento para apurar esse episódio foi aberto em julho deste ano. Segundo o Estado apurou, dentro do Exército, o comportamento do coronel da reserva é reprovado.

Depois de vir à tona o vídeo com ofensas a Rosa Weber, o general Villas Bôas entrou em contato com a presidente do TSE por telefone. Villas Bôas prestou solidariedade à ministra, lamentou a conduta do coronel da reserva e frisou que o comportamento não é condizente com o das Forças Armadas.

Ofensas

Outros três inquéritos foram abertos pela PF para apurar ofensas e ataques contra Rosa Weber. Em um deles, uma mulher fez ameaças com um carro de som em frente ao TSE. De acordo com a PF, a acusada foi identificada e ouvida.

Por e-mail, outra pessoa enviou ofensas. E, no terceiro caso, também por e-mail enviado ao TSE, foram feitas ofensas e ameaças A investigação está em andamento, mas o autor estaria no Japão. Desde o início do processo eleitoral, 2.007 inquéritos foram abertos para apurar diversos tipos de crimes eleitorais.

Você pode gostar