11/10/2018- DEBATE - Debate entre candidatos ao governo do Estado, Eduardo Paes e Wilson Witzel, Casa Firjan, Botafogo Zona Sul do Rio. Foto de Maíra Coelho / Agência O Dia. Cidade, Política, Eleições, Governador, Juiz, Firjan, VotoMaíra Coelho
Por O Dia
Publicado 11/10/2018 12:09 | Atualizado 11/10/2018 15:03

Rio - Eduardo Paes (DEM), que evitou enfrentamentos durante a campanha no primeiro turno, partiu para o ataque contra o adversário Wilson Witzel (PSC) no debate da TV Bandeirantes, nesta quinta-feira. O evento, na Casa Firjan, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, foi o primeiro enfrentamento entre os candidatos ao Governo do Rio após o primeiro turno das eleições.

Na primeira pergunta do ex-prefeito ao adversário, Paes citou uma reportagem do portal G1 de 2011, na qual o então juiz federal teria deixado o Espírito Santo, onde trabalhava, após sofrer ameaças. "Desculpe a expressão, o senhor deu uma 'amarelada". Paes acrescentou que o juiz admitiu à reportagem que os criminosos conseguiram o intimidar. "Como a população pode confiar em um governador que pediu para sair?", provocou. 

O juiz respondeu que não tem medo da morte, lembrando que foi fuzileiro naval e disse que a reportagem foi 'maldosa'. Explicou que estava fazendo mestrado na época e que sua família não contava com proteção suficiente, por isso foi substituído por um juiz solteiro. Ele aproveitou a provocação para reforçar o que vem dizendo durante a campanha: "Bandido de fuzil, nós vamos abater".

Eduardo Paes disse que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tem credibilidade para falar de segurança, mas que o candidato do PSC, não. "O senhor conheceu Bolsonaro ontem e está querendo repetir o que ele fala", alfinetou. "Uma coisa é falar que vai colocar pistola, baioneta, bazuca, mas, na hora que pode agir, saiu correndo, amarelou." 

Em outra alfinetada, o candidato do Democratas disse que a revista Veja publicou uma imagem de Witzel com o advogado criminal Luiz Carlos Zenha, que colocou o traficante Antonio Francisco Lopes, o Nem, na mala do carro em 2011. "Ontem também saiu um WhatsApp deste mesmo advogado dizendo que o Witzel o pediu para parar de falar, para não dar mais entrevista", disparou.

O ex-juiz federal negou que tenha relação íntima com o advogado de Nem. "Azenha foi meu aluno. Tenho mais de 5 mil alunos, ele foi mais um ex-aluno. Quando eu disse que ia abater quem estivesse de fuzil, disseram que eu não podia mais entrar para fazer campanha em favela", retrucou. Witzel também chamou Paes de debochado e desequilibrado e pediu explicações sobre a ida do ex-prefeito aos Estados Unidos após cumprir seu mandato na Prefeitura do Rio. 

O ex-prefeito obteve direito de respostas para comentar sua mudança para o exterior. "Morei em Washington como consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Fui sustentar a minha família. Fui convidado pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, apresentado por ele à maior fabricante de carros elétricos, onde fui empregado. Fui viver do meu salário", respondeu. Paes acrescentou ainda que não é debochado. "Não disse que o senhor tem relação com o crime organizado, de maneira nenhuma, mas que teve medo do crime."

Durante o debate, Witzel disse que não vai se mudar para a residência oficial, caso seja eleito. Ele também disse que vai cancelar o plano de saúde e matricular os filhos na rede pública de ensino. Paes, por sua vez, disse não ver problema em morar no Palácio Laranjeiras. Ele disse que vai se mudar, uma vez que paga aluguel, e provocou mais uma vez o adversário: "Uma coisa é falar, a outra é fazer. Quando ele teve a oportunidade de receber auxílio-moradia, mesmo tendo casa própria, recebeu”, disse.

A elevação no tom de Paes contra o adversário vem depois que Witzel publicou um vídeo ameaçando lhe dar voz de prisão ao vivo no debate, caso sofresse injúria. O ex-prefeito do Rio passou a atribuir ao adversário a imagem de autoritário. "O candidato diz várias injúrias. Fique tranquilo, não vou pedir para te prender. Não sou autoritário nem frouxo”, disse Paes. O juiz respondeu que nunca foi autoritário como defensor público e juiz.

Segurança

Perguntado sobre um projeto que tramita na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que estabelece procedimento para policiais envolvidos em autos de resistência, homicídio decorrente de intervenção policial, Witzel disse que vai garantir um corpo jurídico para oferecer 'defesa técnica' aos policiais. "Importante não é só criar investigação contra os policiais. Sobre a política de enfrentamento, vamos empoderá-los". Ele acrescentou que vai acabar com a Secretaria Estadual de Segurança Pública com a intenção de acabar com a influência política nas corporações e integrá-las.

Eduardo Paes, ao responder a mesma pergunta sobre mortes em decorrência de ação policial, disse que o respeito aos cidadãos é fundamental e disse que quer investir em inteligência para fazer uma política de segurança mais cirúrgica e preventiva para evitar morte de inocentes. Ele chamou a política de enfrentamento de burra. "Isso não quer dizer que não se tenha que agir com toda contundência, força e proteger o agente da lei dessas ameaças legais, de constrangimentos que eles sofrem. Sair dando tiro a esmo não é correto. Policial tem que ter proteção do estado para defender a lei e a sociedade", finalizou. Ele acrescentou que não 'terceirizava as responsabilidades', quando era prefeito do Rio e disse que vai comandar a Segurança Pública do Rio.

Os dois candidatos defenderam uma maior integração entre as polícias Civil e Militar e disseram que vão pedir apoio das Forças Armadas para recuperar territórios dominados por facções criminosas. 

Wilson Witzel disse que há um sucateamento de investigação da Polícia Civil. Ele defendeu o monitoramento com câmeras de vias de acesso do Rio. "É preciso que a PM chegue rápido para prender". O ex-juiz federal disse que a Polícia Militar está fragmentada, dividida entre UPP e Batalhão e precisa ser integrada. Witzel também disse que vai identificar quem financia o crime. "Precisamos até colocar um chip nas mercadorias mais roubadas."

Eduardo Paes, por sua vez, disse que a Segurança Pública no Rio deixou de funcionar. Ele defendeu mais policiamento ostensivo, inteligência e uma corregedoria independente para investigar casos de corrupção. 

O ex-prefeito do Rio reforçou que vai pedir ao presidente da República eleito apoio das Forças Armadas. "Precisamos retomar os territórios dominados por organizações criminosas. Com ações efetivas vamos conseguir reverter essas taxas absurdas (de violência)", defendeu Paes. 

Vistoria no Detran

Os dois candidatos disseram que pretendem acabar com a vistoria anual do Detran. 

"É uma anomalia. É algo que gera uma despesa, que gera um desconforto para o cidadão. Vamos terminar com ela por completo",  prometeu Paes.

"É fonte de corrupção. Vamos fiscalizar nas ruas com uma polícia treinada. As pessoas que levam o carro para fazer vistoria estão com os veículos em ordem. Só terá vistoria na transferência de propriedade", defendeu Witzel, que disse que poderá fazer a fiscalização nas ruas.

Wilson Witzel surpreendeu no primeiro turno das eleições, no último domingo, quando obteve 41,28% dos votos válidos. Eduardo Paes, que liderou as pesquisas durante a campanha, ficou com 19,56%.

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