Rio - Um grupo de empresários está comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira, pelo jornal Folha de S. Paulo. O aplicativo tem sido a principal fonte de fake news neste período eleitoral.
De acordo com a reportagem, os contratos chegam a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan, de Luciano Hang, que apoia o candidato Jair Bolsonaro (PSL). Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.
No entanto, a prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.
As empresas compram de agências como a QuickMobile, Yacows, Croc Services e SMS Market – um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital.
O mecanismo da ação também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato, com números cedidos de forma voluntária.
Essas agências de comunicação, quando usam bases de terceiros,oferecem segmentação por região geográfica e, às vezes, até por renda. Ainda segundo a reportagem, os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo de mensagem para a base própria do candidato e de R$ 0,30 a R$ 0,40 quando a base é fornecida pela agência.
À reportagem, o dono da Havan, disse desconhecer o serviço. "Não temos essa necessidade. Fiz uma 'live' aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza", declarou Luciano ao jornal.
Na prestação de contas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), consta apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, como tendo recebido R$ 115 mil para mídias digitais.
A Folha apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 usa, entre suas ferramentas, a geração de números estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.
Funcionários e voluntários dispõem de dezenas de números assim, que usam para administrar grupos ou participar deles. Com códigos de área de outros países, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp —o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.
A Folha revelou que os mesmos administradores também usam algoritmos que segmentam os membros dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.