Candidato à Presidência, Fernando Haddad (PT) participou na quarta-feira de encontro com lideranças evangélicas em São PauloTaba Benedicto/Parceiro/Agência O Dia
Por O Dia
Publicado 18/10/2018 11:24 | Atualizado 18/10/2018 15:07

São Paulo - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse que seu adversário Jair Bolsonaro 'criou uma organização criminosa de empresários'. A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Clóvis Monteiro na Rádio Tupi na manhã desta quinta-feira. Haddad repercutiu a reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que revela que empresários bancam o disparo de mensagens contra o PT pelas redes sociais.

"O jornal comprova que o meu adversário Jair Bolsonaro, deputado há 28 anos, criou uma organização criminosa de empresários que mediante caixa dois, dinheiro sujo, está patrocinando mensagens pelo WhatsApp mentirosas", disse o ex-prefeito de São Paulo.

O caso repercute na tarde desta quinta-feira e alcançou o 1º lugar nos trending topics mundiais do Twitter.

Haddad acrescentou que sua coligação vai pedir providências para a Justiça Federal e para Polícia Federal para que "esses empresários corruptos sejam imediatamente presos". Ele disse que fazer conluio com dinheiro para violar a vontade popular é crime. "Ele que foge dos debates, não vai poder fugir da Justiça", acrescentou.

"Nós vamos para a Justiça Eleitoral impedir o deputado Bolsonaro de violentamente agredir a democracia como ele fez a vida inteira. Nunca respeitou a democracia e não está respeitando neste momento."

Haddad ironizou dizendo que a campanha do candidato do PSL é a mais rica do país. "Ele que diz que faz campanha pobre foi desmentido hoje."

O ex-prefeito de São Paulo também disse em nota divulgada pelo PT que a campanha adversária monta uma tentativa de fraude.

“Milhões de reais foram investidos em notícias falsas. Por meio de caixa 2 resolveram financiar uma campanha de difamação a meu respeito. Eu nunca tinha visto isso acontecer. Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral."

O petista também ironiza a declaração feita por Bolsonaro na quarta-feira de que já estava com uma mão na faixa presidencial. " Dez dias é muito tempo para o momento que estamos vivendo. E ele que diz que já está com a faixa presidencial vai experimentar a ira de quem de fato decide a eleição: o voto popular. A própria soberania nacional nunca esteve tão ameaçada quanto agora”, disse Haddad.

PT cobra TSE e Polícia Federal

O partido emitiu uma nota cobrando um posicionamento da Justiça Eleitoral. Para a legenda, a prática configura crime de caixa dois por parte da campanha de Jair Bolsonaro (PSL).

"É uma ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune", diz a nota assinada pela Executiva do PT.

O partido diz que está tomando todas as medidas judiciais para que Bolsonaro responda "por seus crimes, dentre eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras não são declarados por sua campanha."

A legenda do presidenciável Fernando Haddad pretende entrar ainda nesta quinta-feira com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para pedir providências.

Na quarta-feira, a assessoria jurídica da coligação “O Povo Feliz de Novo” entrou com pedido de investigação junto à Polícia Federal, em face do candidato Jair Bolsonaro (PSL) e de seu vice, Hamilton Mourão. O documento solicita que a PF investigue a campanha de Jair Bolsonaro com relação a quatro eixos: a utilização deliberada de notícias sabidamente falsas (as fake news); a doação não declarada de verbas do exterior; propaganda eleitoral paga na internet e, por fim, a utilização indevida do WhatsApp.

O documento também solicita que a Polícia Federal investigue a possibilidade de que a campanha de Jair Bolsonaro esteja atuando em conjunto com estrangeiros sem transparência e sem prestação de contas, o que configuraria uma doação de fonte vedada. Há fortes indícios – inclusive com postagens em redes sociais do filho de Bolsonaro - da participação de Steve Bannon, responsável pela estratégia de redes de Donald Trump, na campanha de Bolsonaro.

Empresários bancam R$ 12 milhões em campanhas

Um grupo de empresários está comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira, pelo jornal Folha de S. Paulo. O aplicativo tem sido a principal fonte de fake news neste período eleitoral.

De acordo com a reportagem, os contratos chegam a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan, de Luciano Hang, que apoia o candidato Jair Bolsonaro (PSL). Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.

No entanto, a prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.

As empresas compram de agências como a QuickMobile, Yacows, Croc Services e SMS Market – um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital.

O mecanismo da ação também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato, com números cedidos de forma voluntária.

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