Paes: candidatura em 2008Reprodução/ Facebook
Por CÁSSIO BRUNO E BEATRIZ PEREZ
Publicado 19/10/2018 21:09 | Atualizado 19/10/2018 21:10

Rio - Eduardo Paes (DEM) adotou postura agressiva e tentou colar a imagem do seu adversário Wilson Witzel (PSC) à imagem do advogado do traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, durante o debate promovido entre os candidatos ao governo do Rio pela TV Record na noite desta sexta-feira, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. O ex-prefeito tenta reverter o resultado das intenções de voto captadas nas pesquisas. No levantamento Datafolha divulgado na quinta-feira, o ex-juiz lidera com 61% dos votos válidos, contra 39% de Paes.

O candidato do DEM citou reportagem da revista Veja nesta sexta-feira que publicou supostas mensagens entre o ex-juiz federal e o advogado Luiz Carlos Cavalcanti Azenha, condenado por esconder o traficante no porta-malas de seu carro e oferecer suborno a policiais em 2011. A revista traz fotos e mensagens, mostrando o vínculo pessoal entre os dois.

O ex-prefeito do Rio chamou o adversário de ‘candidato mentiroso’, ‘ex-juiz fake’ e ’candidato inexperiente’ e insinuou relação de Witzel com o empresário Mario Peixoto, um dos maiores fornecedores do governo Cabral, investigado pela Operação Lava Jato. Por sua vez, Witzel não explicou a relação dele com Mario Peixoto ou Azenha. Ao contra-atacar, lembrou a relação de Eduardo Paes com Sérgio Cabral, condenado a 183 anos de prisão na Operação Lava Jato, e com o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani, que cumpre pena em prisão domiciliar.

“Você comeu na mesa do Cabral, emprega filhos do Picciani, conhece bem a rotina dessas famílias. Você é condenado, você é réu. Está acostumado a ludibriar as pessoas”, atacou o ex-juiz.

Os ataques continuaram no segundo bloco. Eduardo Paes repreendeu Witzel por usar ‘privilégios e mordomias’ quando era juiz federal. Ele lembrou que o adversário recebeu, durante 98 meses, auxílio moradia, enquanto tinha apartamento próprio. O ex-prefeito também lembrou de um vídeo que que Witzel ensina uma "engenharia" para ganhar mais R$ 4 mil sobre o salário. Por fim, Paes voltou a colar a imagem do adversário à de Azenha. “O seu amigo carregou o Nem na porta de um carro”, provocou.

Em contrapartida, o ex-juiz disse que a prefeitura do Rio na gestão de Eduardo Paes era uma “incubadora de corruptos”. Ele lembrou do caso Alexandre Pinto, ex-secretário de obras preso na Lava Jato por desvio de dinheiro. Destacou também que o ex-prefeito nomeou Rafael Picciani para secretaria de Transporte: “Enquanto o meu adversário empregava o Rafael Picciani na secretária de Transportes, o pai dele (Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio) recebia propina da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).”

Paes negou irregularidades durante seu governo e afirmou que Sérgio Cabral não teve ingerência na Prefeitura. O candidato do DEM disse que, se eleito, vai criar a Secretaria de Integridade Pública para combater a corrupção. Ele retrucou que Witzel é empregado do pastor Everaldo, presidente do PSC, citado na Operação Lava Jato.

Os ataques foram mais violentos no terceiro bloco, que teve confronto direto com tema livre. De início, Paes leu a troca de mensagens entre Witzel e Azenha publicada pela revista Veja. O ex-prefeito acusou o ex-juiz de ser amigo pessoal do advogado do Nem e de dar dinheiro em espécie para ele.

Witzel negou qualquer irregularidade na relação com o advogado. “O Azenha respondeu por seus atos e foi absolvido pela OAB. Ele é um profissional. Eu não tinha nenhuma atitude ilícita”, disse o candidato do PSC, dizendo que Eduardo Paes foi um “soldado do Lula”.

Na réplica, Eduardo Paes voltou a acusar o adversário. “Você é um empregado do Pastor Everaldo, que é investigado na Lava Jato. Você é amigo do advogado que deu fuga ao traficante Nem. Você é um falso caçador de corruptos”, disse.

O ex-prefeito também lembrou do ato em que uma placa da ex-vereadora assassinada Marielle Franco foi rasgada pelo deputado estadual eleito Rodrigo Amorim (PSL). Witzel estava ao lado no momento da ação. Segundo Paes, Witzel demonstrou falta de respeito com a vida. “O meu adversário fez um selfie neste momento. Isso é assustador”, criticou.

Witzel contra-atacou e disse que Paes elogia as milícias. “A placa da Marielle foi levada sem o meu consentimento, mas você elogiou as milícias que é a principal suspeita de ter matado Marielle”, rebateu.

Neste mesmo bloco, Paes perguntou qual era a relação de Witzel com Mario Peixoto, ex-fornecedor do governo Cabral. Witzel respondeu: “ Você está falando do Mario Peixoto, que é sócio do Picciani, seu amigo íntimo. Você empregou o filho dele no seu governo. Você está querendo ser o governador fake.”

Eduardo Paes defendeu-se dizendo que, como prefeito manteve relações institucionais com figuras políticas como Lula, Cabral, Picciani e Dilma. “Eu nunca fui a festinha de aniversário do Picciani, você foi na do Mario Peixoto e é sócio do Lucas Tristão (advogado de Mario Peixoto)”, atacou.

Witzel também lembrou do episódio conhecido como "Farra dos Guardanapos", um jantar em Paris, em 2009, do qual participaram o então governador do Rio, Sérgio Cabral, secretários e empresários envolvidos em um esquema de propinas posteriormente desvendado no estado. O candidato do PSC também disse que Eduardo Paes frequentava a casa de Cabral em Mangaratiba. “Quer mais intimidade do que isso?”. O ex-juiz disse que o ex-governador tinha relação com o traficante Marcinho VP.

Paes disse que foi ao jantar no hotel na França, mas se 'retirou e não participou de farra'. O ex-prefeito retrucou que o irmão de Marcinho VP apoia a candidatura adversária: "Soube que o irmão do Marcinho VP apoia sua candidatura."

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