Comprovante de depósito da APAE Reprodução
Por *Larissa Amaral
Publicado 31/10/2018 16:51 | Atualizado 31/10/2018 17:02

Rio - Quem nunca caiu no famoso “gemidão” do WhatsApp? Nesta segunda-feira, a brincadeira ganhou objetivo político quando a deputada estadual eleita e professora Ana Caroline Campagnolo, do Partido Social Liberal (PSL) de Santa Catarina, foi alvo de protestos nas redes sociais.

No último domingo, a parlamentar, que é a favor do projeto “Escola Sem Partido”, publicou no Facebook um pedido incentivando os estudantes a gravarem “todas as manifestações político-partidárias ou ideológicas que humilhem ou ofendam sua liberdade de crença e consciência” dentro de sala de aula e mandarem para um número do WhatsApp. A iniciativa chegou a S., que mobilizou os internautas a partir de sua conta no Twitter.

O usuário tweetou, nesta segunda-feira, que se 100 pessoas mandassem um arquivo com o “gemidão” para Campagnolo, ele doaria R$ 5 mil para a Associação de Pais e Alunos Excepcionais (APAE) de Florianópolis. A provocação conquistou os membros da rede, que logo publicaram no Twitter os prints das conversas com a deputada.

O internauta que criou a ação explica os motivos de ter idealizado o movimento. “Eu vi a campanha da futura deputada e fiquei revoltado. Venho de uma família de professores, de uma casa onde a educação era prioridade. Queria agir de alguma forma. Um pouco mais tarde pensei ‘essa ideia realmente é muito boa’ e me perguntei como poderia fazer seu alcance ser maior. Foi daí que veio a ideia da promessa da doação”, lembrou S. Nesta quarta-feira, a APAE de Florianópolis confirmou a doação anônima do dinheiro e agradeceu a iniciativa do doador anônimo.

Esta não é a primeira vez que S. se engaja em ajudar organizações filantrópicas. Mas, como ele explica,  a ação mobilizou muitas pessoas de forma inédita. “Eu tenho o hábito de fazer doações para caridades e já doei quantidades maiores. Mas nunca tinha usado a doação como combustível para engajamento de terceiros”.

A meta da brincadeira foi batida em apenas um dia, com a participação de mais de 300 pessoas da rede (o usuário explicou que parou de contar neste número). O sucesso não era esperado por S., que queria dar uma nova cara ao temido “gemidão”.

“Eu gostaria muito que tomasse a proporção que tomou, mas realmente não esperava. A verdade é que o ‘gemidão’ se tornou parte da cultura brasileira. Todo mundo já caiu um dia e a possibilidade de poder usar o ‘gemidão’, uma prática terrível, para o bem, foi o que atraiu o pessoal”.

A deputada Ana Caroline Campagnolo ainda não se pronunciou sobre o caso. Nesta terça-feira, o Ministério Público catarinense apresentou uma ação judicial contra ela para que seja obrigada a pagar R$ 70 mil por danos morais coletivos, destinados ao Fundo para Infância e Adolescência (FIA). O promotor responsável pelo processo considera que a Campagnolo criou um “serviço ilegal de controle político-ideológico da atividade docente” por causa da iniciativa de incitar os alunos a enviarem imagens denunciando os professores.

*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes

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