Líder em todas as sondagens, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) tem possibilidade - remota - de vencer no primeiro turno. As últimas pesquisas Ibope e Datafolha, deste sábado, mostram Paes disparado na frente, enquanto o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) se consolidou em segundo.
O apoio do presidente Jair Bolsonaro a Crivella foi o maior momento de nacionalização. Às voltas com a impopularidade e com escândalos recentes, o prefeito se agarrou à associação para buscar o segundo turno. Ainda assim, sofreu.
A entrada do presidente na campanha do prefeito é arriscada, dada a ampla rejeição ao chefe do Executivo municipal - de mais de 60%, segundo as últimas pesquisas. Torna-se ainda mais delicada por se dar no Rio, reduto político do presidente.
E Crivella não foi um bolsonarista de primeiro momento. Até poucos anos atrás, era aliado do PT. Foi ministro de Dilma Rousseff e fez campanha ao lado dela, do então senador Lindbergh Farias e do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), hoje preso e condenado a mais de 300 anos. Na atual conjuntura, contudo, aproveitou-se do histórico conservador e da proximidade entre Bolsonaro e a Igreja Universal, da qual é bispo licenciado, para pegar carona no eleitorado direitista.
Confronto
Os principais embates entre candidatos no primeiro turno se deram entre Paes e Martha Rocha. No único encontro em que os postulantes se enfrentaram diretamente, na Band, deram pistas do que aconteceria ao longo da eleição. Trocaram críticas baseadas no que cada um já apresentou como gestor - ele na prefeitura, ela na Polícia Civil.
A briga que mais repercutiu envolve uma notícia publicada em 1996 pelo Jornal do Brasil: "Hélio Luz afasta delegada". O texto, feito com base em depoimento da ex-mulher do contraventor Castor de Andrade, insinuava que a então delegada poderia ter relação com o jogo do bicho.
As brigas entre Paes e Martha foram parar na esfera judicial. Ambas as campanhas entraram com pedidos de remoção de conteúdos. O ex-prefeito conseguiu uma vitória ao impedir que a pedetista veiculasse números equivocados sobre as finanças do município após seus mandatos. A deputada, por sua vez, obteve decisão favorável para remover notícias falsas que circulavam sobre ela, impulsionadas por contas ligadas a Paes.
Outro aspecto relevante do cenário eleitoral foi que ele se deu em meio à "ressaca" do governo de Wilson Witzel (PSC) vivida pelos fluminenses. O governador afastado, que derrotou Paes em 2018 na eleição estadual, responde a processo de impeachment. Por isso, passou a ser citado por alguns dos candidatos, principalmente Martha e o ex-prefeito.
Paes escolheu como um de seus motes de campanha a ideia de que o Rio não pode eleger "um novo Crivella ou um novo Witzel". Buscou ressaltar sua experiência à frente do cargo.
PT
Enquanto Crivella tenta se garantir na disputa direta contra Paes e Martha tenta ultrapassá-lo, Benedita da Silva busca espaço. Petista em uma cidade em que o partido do ex-presidente Lula priorizou por anos alianças locais em troca de apoio nacional, a experiente candidata buscou nacionalizar a campanha.