Jair Bolsonaro
 - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Jair Bolsonaro Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por RICARDO SCHOTT
Rio - Em 2018, ano de eleições presidenciais, o nome de Jair Bolsonaro (sem partido), que concorria naquele ano ao cargo - e, como é público e notório, acabou ganhando - foi suficiente para gerar uma enorme onda que elegeu candidatos em todo o Brasil. Alguns deles, mesmo inexperientes, concorriam a cargos de peso e foram vitoriosos - como foi o caso do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). No entanto, o mesmo não repetiu nas eleições de domingo.
O presidente chegou a fazer uma postagem em suas redes sociais recomendando candidatos. O texto foi apagado logo depois, mas de qualquer jeito não surtiu efeito algum. Dos sete indicados por Bolsonaro ao posto de prefeito, por exemplo, cinco não chegaram nem ao segundo turno. As exceções foram Capitão Wagner (PROS), no Ceará, e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, ambos ainda na disputa pelo cargo. Só dois vereadores indicados pelo presidente acabaram se elegendo.
Ricardo Ismael, cientista político da PUC-RJ, já havia adiantado o fim da onda bolsonarista em entrevista ao DIA na semana passada. No resultado das eleições, confirmou o que já havia verificado.
"Não houve mesmo aquela onda de 2018 que elegeu deputados federais, o Witzel e outros governadores. Bolsonaro manifestou apoio a candidatos em algumas cidades, mas o balanço não foi bom. Mesmo no caso do Crivella, que até fez uma estratégia de colar um pouco mais nele. Isso pode tê-lo ajudado a se descolar mais da Martha. Mas se isso acontecesse em 2018, com certeza o Crivella teria tido mais votos", analisa o cientista político.
Mau padrinho
Para Ricardo, a frustração com o apoio de Bolsonaro explicita que o presidente atualmente é um "mau padrinho" para os candidatos que colam nele. "No caso do Recife, a Delegada Patrícia (candidata à governadora) derreteu. Em São Paulo, o mesmo aconteceu com o Celso Russomano. Se Crivella não tivesse apoio dos evangélicos e dos próprios vereadores ligados a ele, não chegaria ao segundo turno", afirma.
'Onda Quaquá'
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Ricardo observa também que a eleição não foi nacionalizada e que o próprio PT, na figura do ex-presidente Lula, não foi um grande padrinho. "Ele não teve nenhuma prefeitura no primeiro turno, apesar de haver até gente concorrendo ao segundo turno em algumas cidades", conta, acrescentando que Eduardo Paes (DEM), por exemplo, preferiu adotar a estratégia de afirmar não ter padrinho.

O sociólogo e cientista político Paulo Baía observa por outro lado que, em se tratando do interior do estado do Rio, há um fenômeno que vai além do fim da onda bolsonarista, que é uma espécie de "onda vermelha", que ele credita ao trabalho do ex-prefeito de Maricá e e presidente estadal do PT, Washington Quaquá.

"Seria mais até uma 'onda Quaquá'", afirma. "O resultado eleitoral em Maricá, São Gonçalo e Itaboraí tem uma presença forte da influência e do trabalho dele, articulando e tecendo forças políticas nesses municípios. Em São Gonçalo, você tem uma ampla coligação apoiando o candidato que está em primeiro turno. Ele consegue transformar essa capacidade de articulação em votos concretos", afirma.<ctk:-25>
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