Por felipe.martins

Rio - Até então sumido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou de vez em campo para defender a presidenta Dilma Rousseff (PT). Em viagem pela Região Norte, em Manaus, Lula chamou o presidenciável tucano Aécio Neves de “ignorante” pela forma com tem tratado a presidenta nos debates.

“Quando eu vejo um homem na televisão ser ignorante com uma mulher, como ele tem sido com a Dilma no debate, eu fico pensando que, se este cidadão é capaz de gritar com a presidenta, o dia em que ele encontrar um pobre na frente, é capaz de pisar, não respeitar e não enxergar”, provocou.

Horas depois, a ex-senadora Marina Silva surpreendeu ao aparecer de visual novo, sem o tradicional coque, para gravar programa eleitoral gratuito de TV para o tucano. Foi o primeiro encontro público de Aécio e Marina, que chegou em terceiro lugar na corrida ao Palácio do Planalto.

No primeiro encontro público com Aécio Neves, depois que declarou apoio ao tucano, Marina disse que presidenciável 'trabalha pela mudança’Efe

Emocionado, o tucano afirmou viver o momento mais importante da campanha, e comparou a união com a ex-ministra à aliança que elegeu seu avô Tancredo Neves no colégio eleitoral, em 1985. “Hoje nós temos um desafio que não é menor do que aquele (de Tancredo Neves), que é encerrar o ciclo deste governo que aí está, que perde condições de governar o Brasil, a meu ver, pelo fracasso da economia e descompromisso com a ética”, disse Aécio. “Deixo de ser um candidato de uma coligação e passo a ser o candidato de um movimento de mudança.”

No comício, realizado quinta-feira à noite em Manaus (AM), o ex-presidente Lula afirmou que é rejeitado pela “elite” porque quando esteve à frente da Presidência deu mais oportunidade aos menos favorecidos.
“O que incomoda a elite brasileira é chegar no aeroporto e ver um monte de gente da classe mais baixa viajando de avião. Incomoda quando eles veem os trabalhadores comprando carro zero ou comprando outra máquina de lavar” afirmou.

Lula também esteve no Acre e, antes, na quarta-feira, esteve no Pará, onde defendeu as políticas sociais implementadas em seu governo.

“Tem gente que olha para mim com raiva porque eu criei o Bolsa Família. E diz que é para dar dinheiro para os pobres. Isso não é verdade. O que queremos é que os pobres subam mais um degrau”, defendeu.
Antes, no Acre, afirmou ter relação antiga com a Região Norte. “Eu sempre achei que precisava tratar o Norte do Brasil como se trata Minas, São Paulo. Você chega no Acre e parece que chega em Madri. Aqui está a cada dia melhor.”


Saúde faz Dilma cancelar agenda no Rio

Candidata a reeleição, a presidenta Dilma Rousseff (PT) não vem mais ao Rio hoje. Ela participaria das agendas de Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) — ambos de sua base aliada. O cancelamento ocorreu, disseram eles, por motivos médicos, que recomendaram repouso neste fim de semana.

A campanha da presidenta negou o cancelamento. Segundo a assessoria de imprensa, não havia agenda marcado no estado. “Esta afirmação é infundada e não tem cabimento”, afirmou a campanha. “Vamos dar prioridade a presidenta, até porque ela está passando muito mal”, admitiu Crivella, que contou que, após Dilma ter se sentido mal na quinta-feira, no debate do SBT, os coordenadores de campanha tentaram reagendar para quarta-feira a agenda de campanha.

“Chegou a ser marcado para quarta-feira, mas ela melhorou e virá já na segunda. Ainda não está definida a comunidade que visitaremos. Mas será (em alguma localidade) próxima ao aeroporto, para evitar grandes deslocamentos”, disse o senador. Segundo ele, haveria caminhada em São Gonçalo.

O governador Pezão confirmou a informação do adversário, sobre o cancelamento dos compromissos com Dilma e classificou como “temeroso” fazer a presidenta caminhar sob o sol. “Ela cancelou a agenda. Ontem (quinta-feira) ela teve um problema (de saúde) e está previsto 40 graus. Seria muito temeroso”, disse.

Marina grava para tucano

Declarações enfáticas de apoio e trocas de elogios marcaram ontem, em São Paulo, o primeiro encontro entre — os antes adversários — Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB).
Aécio classificou a aliança como um momento histórico para a política e o mais importante de sua campanha à Presidência até agora. O presidenciável disse que Marina teve um gesto de “brasilidade” e “patriotismo” ao apoiar sua candidatura.

Já Marina enalteceu a união em nome do que classificou de mudança. “Algo maior do que nós só pode ser feito por todos nós. Tem que ter a humildade de entender que algo grandioso não se faz por um grupo, partido ou uma pessoa”, afirmou a ex-senadora. O ex-governador se emocionou ao agradecer o gesto, dizendo-se representar ali também sua família. A voz embargou.

Marina voltou a comparar argumentou que a carta emitida por Aécio se comprometendo com programas sociais e a agenda da sustentabilidade representa, neste momento, o mesmo símbolo que a chamada “Carta ao Povo Brasileiro” feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. O entre o tucano e Marina encontro foi gravado e irá ao ar no programa eleitoral de TV. Segundo aliados de ambos, não há outro evento marcado, mas a ex-senadora tem dito estar à disposição de Aécio.

Você pode gostar