Por rafael.arantes

Rio - O futebol europeu virou cartão de visita para empresários que querem expandir seus negócios no continente. Nos últimos anos, bilionários de diversas origens reservam parte de suas fortunas para apostar em times. Agora foi a vez do paquistanês naturalizado americano Shahid Khan comprar o inglês Fulham por US$ 300 milhões . Khan tem uma fortuna construída com a empresa Flex-N-Gate, especializada em peças para carros, e após investir no Jacksonville Jaguars, da NFL, resolveu entrar no futebol inglês.

Para Pedro Daniel, da consultoria BDO Brazil, esses grandes investidores veem no futebol europeu uma grande oportunidade de conseguir mais espaço para as suas empresas na Europa. “A compra dos clubes é um ótimo caminho para criar mercados”, diz.

A negociação traz também um fato curioso: o destino da estatua de Michael Jackson na entrada do estádio da equipe. O ex-dono, Mohamed Al Fayed, era amigo do cantor, que chegou a assistir uma partida do clube em 1999. A homenagem não foi bem aceita pelos torcedores, que agora, com a troca de proprietário, criam esperanças de que ela saia do local, algo que Mohamed não aceita e afirma ter colocado essa condição na venda.

Shahid Khan é o novo dono do FulhamEfe

Polêmica na compra de clubes não é um fato novo. Em 2005, após a família Glazer, dona de shoppings espalhados pelos EUA, comprar o Manchester United, a torcida protestou. Receava que as dívidas contraídas pelo norte-americano para ter o clube, prejudicasse o time.

Mas Shahid Khan certamente está mais focado em resultados como os obtidos por Roman Abramovich, dono do Chelsea, que comprou o clube em 2003 por 140 milhões de libras (R$ 471 milhões).

O russo, que investiu bilhões de dólares em jogadores nos últimos dez anos, fez os azuis deixarem de ser figurantes. Hoje, figuram como uma das maiores marcas do futebol e um dos clubes mais populares do mundo. Segundo a Forbes, o Chelsea está avaliado em US$ 901 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

Esses números chamaram a atenção de grandes empresários. Na Inglaterra, por exemplo, todos os principais clubes, como Manchester United e Chelsea, tiveram em média 98% de ocupação dos estádios ao longo da temporada. Somando, receitas de bilheteria, direitos de transmissão , entre outras, os dois clubes arrecadaram 719 milhões só no último ano, segundo a BDO Brazil. Se as receitas são expressivas, as despesas não ficam atrás.

“Lucro financeiro ainda não estão tendo. Estão conseguindo evoluir a marca, mas ainda estão investindo muito mais do que arrecadam”, explica Pedro Daniel.

Recentemente a França também virou um destino dos investidores. PSG e Monaco foram comprados pelo fundo Qatar Investment Authority, de Nasser Al-Khelaifi e pelo magnata russo Dmitry Rybolovlev, respectivamente. Os dois clubes já fizeram um grande investimento em contratações e aparecem no cenário europeu como principais forças para as próximas temporadas.

Reportagem: Douglas Nunes

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