Por ulisses.valentim

São Paulo - Arthur Zanetti foi ao Campeonato Mundial de ginástica artística, na Bélgica, como o favorito nas argolas, já que era o dono do ouro olímpico. Por lá, chegou a sentir a responsabilidade, mas correspondeu e voltou ao Brasil nesta semana com o inédito ouro no aparelho. Agora, a sensação é dever cumprido e sem colocar pressão a mais já pensando nas Olimpíadas em casa, em 2016, no Rio de Janeiro.

“Eu vou querer ajudar a equipe, mas não vou me sentir pressionado porque o que eu tinha que fazer pelo Brasil eu fiz. Consegui a medalha olímpica e agora fui campeão mundial. Os outros resultados que vierem será mérito meu, do Marco (Gotto, técnico de Arthur Zanetti) e de todo mundo que me ajuda, como os patrocinadores. Eu fiz a minha parte e a pressão agora eu que vou determinar de acordo com a minha vontade de buscar aquele título”, afirmou o ginasta em entrevista coletiva nesta quarta-feira.

Arthur conquistou o ouro no Mundial de Ginástica pela primeira vez Divulgação

Ainda assim, ele sabe que existe um peso por ser o melhor. Há reconhecimento por onde passa. Ao chegar ao ginásio de treino no final desta manhã na cidade de São Caetano, no ABC paulista, crianças e jovens que estavam ali com seus professores pararam para aplaudi-lo. Antes de conversar com a imprensa que o esperava, Zanetti atendeu a pedidos de fotos e falou com companheiros.

“Depois das Olimpíadas de Londres eu não me assusto mais com assédio. Aquilo tudo no aeroporto sim foi absurdamente assustador”, brinca. Entretanto, ele diz que foi um pouco diferente entrar em um torneio com um ouro olímpico no histórico.

“No Mundial o tratamento dos outros atletas foi o mesmo, mas quando eu fui competir, vi que era um peso maior ser campeão olímpico. Vê que muita gente que está focada em você e todo mundo quer ganhar de você. Mas a partir do momento que subo no pódio, não ouço nada, só penso em fazer a minha série”, explica o campeão. Tanta concentração é resultado de treino e um trabalho há sete anos com uma psicóloga esportiva.

Arthur Zanetti conquistou o ouro na Bélgica com a nota 15.800 e uma saída perfeita. “Acho que ter cravado a saída, que é não dar aquele passo na chegada, foi um diferencial. Eu cravei, os outros não”, analisa.

Zanetti e Leandro Guilheiro são promessas de medalhas em 2016Carlos Moraes / Agência O Dia

Mas se veio o ouro, faltou um outro objetivo. Antes da viagem ao Mundial, o ginasta havia dito que queria chegar à casa dos 16.000 pontos. “Pelo jeito essa nota também vai ficar na expectativa, mas ainda é um objetivo meu. (Os árbitros) Estão sendo rigorosos e, a cada ano que passar, esse 16 vai ficar mais distante ainda”, comenta.

Marco Gotto, técnico de Arthur Zanetti, esperava mais. “Achei que merecia uma nota maior. Mas quando vi que também foram rigorosos com os outros, achei bom”, confessa o treinador.

E agora, é estudar os adversários para seguir no topo. “Não tenho que me preocupar com a série do Arthur. Ele está bem. Tenho que me preocupar com a série dos outros, o nível técnico deles”, afirma Gotto.

Já Arthur Zanetti curte um pouco da folga. Ele tem o dia de compromissos com a imprensa e, depois, pode aproveitar mais a família e a namorada. E nesse pouco tempo longe dos aparelhos, o ginasta só pensa em uma coisa. “Eu só quero descansar porque sei que no dia seguinte vai ter a paulada de treino e faculdade tudo de novo. Amanhã tem treino. Acabou a folga”, resume.

Tatuagem nova só em 2016

Depois do ouro em Londres, Arthur Zanetti fez uma tatuagem da medalha olímpica nas costelas. O ouro do Mundial não terá o mesmo espaço. “Não vou fazer outra não. Aí eu vou virar um gibi!”, diverte-se. “Medalha mundial é importante, mas a olímpica é sem comparação”, completa o ginasta. Ele ainda deixa uma promessa no ar. “Se tiver mais uma tatuagem, vai ser em 2016, que vou buscar esse título”, afirma.

O que deve ser repetido de 2012 é a comemoração. Após as Olimpíadas, Zanetti queria deixar a dieta e comer uma bomba de chocolate. Só conseguiu no final do ano. Agora espera não demorar tanto. “A bomba de chocolate não rolou, mas vai rolar. Não vou dizer que esteja tudo liberado, mas essa semana que eu voltei dá para dar uma liberada e comer a bomba de chocolate. No ano passado eu demorei muito!”.

Reportagem de Aretha Martins

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