Rio - Botafogo tem uma das praias menos procuradas pelos banhistas cariocas. No entanto, a paisagem estonteante e a tranquilidade do ambiente são ideais para a prática do futebol americano de areia, que tem suas partidas disputadas na enseada. A variante abrasileirada transforma a base da NFL para um estilo mais verde e amarelo. A modalidade, que vem figurando no Rio desde 2002, é uma das responsáveis por despertar a curiosidade dos cariocas no verão e pode ganhar cada vez mais espaço no nacional no esporte, como é o caso do cornerback Bruno Rosa, atleta desde 2004.
"Estive no Tatuís na última temporada, mas passei muitos anos no Red Lions. Fiquei lá de 2004 a 2010, até que o time acabou extinto. O momento mais marcante que tive no esporte foi justamente lá. Tínhamos um grande time, mas sempre acabávamos perdendo na fase final para o Botafogo Raptiles, que era nosso grande rival. As coisas mudaram em 2009 quando conseguimos ser campeões cariocas e em 2010 que emplacamos o bicampeonato", contou.
A relação de Bruno com o futebol americano não se resume ao lado das praias. O atleta, formado em educação física pela Universidade Gama Filho, passa grande parte da sua vida junto ao esporte. Após começar suas atividades com o basquete, Bruno passou para o futebol americano de areia até chegar à modalidade de grama, na qual atua até hoje, defendendo o Flamengo. O lado mais curioso fica ainda pelo lado universitário, quando o atleta viajou para os Estados Unidos para fazer seu mestrado na Lindenwood University e jogou pela equipe Missouri Cyclones, em 2009.
No Rio, o futebol americano de praia conta com o Carioca Bowl como o seu grande carro-chefe, mas é na Região dos Lagos, mais especificamente em Saquarema, que um dos torneios mais descontraídos toma conta do cenário da modalidade: "O Carioca é o grande campeonato que temos, mas o Saquarema Bowl também é incrível, é mais solto, mais leve. Hoje o Red Lions não existe mais por aqui, mas ainda nos reunimos todos os anos para disputar o Saquarema, que acontece geralmente no mês de fevereiro e dura um fim de semana. Vale muito a pena", acrescentou.
Lado personal e os treinos funcionais
Mesmo sem deixar o futebol americano de lado, Bruno Rosa também desempenha sua formação acadêmica. O atleta, que treina às segundas, quartas e domingos pelo Flamengo, também recruta parte de sua vida a um projeto de treinos funcionais, conhecido como "Treino do Sapo". A função é um dos maiores focos do atleta e também tem relação com a modalidade. Nas manhãs e noites, o cornerback é responsável pelo preparo físico de seus alunos e potenciais atletas.
"Não deixei minha formação de lado. Na verdade, minha rotina é bastante dividida. Os treinos com o Flamengo acontecem três vezes na semana e durante a parte da tarde eu cuido do meu preparo físico. De outro lado, tenho os trabalhos funcionais pela manhã e noite. Eu me divido nessa vida de personal, mas também é algo que se relaciona com o futebol americano. É um modo de possibilitar o desenvolvimento até mesmo de futuros atletas de diversas modalidades", analisou.
Para 2014 a rotina continua, mas após dez anos, Bruno pode deixar o lado atleta nas areias. A expectativa é a de que o atleta continue atuando pelo Flamengo no futebol americano de grama, seguindo com o projeto do "Treino do Sapo", mas se afaste da modalidade das areias: "Não devo continuar, mas espero que tudo continue bem. O futebol americano de areia é um grande detentor de talentos, é a porta de entrada para quem gosta do esporte e não possui condições de iniciar logo na grama", concluiu.